Autor: Patricia Duncker
Género: Romance
Idioma: Português
Editora: Gradiva
Páginas: 152
Preço: € 10
Género: Romance
Idioma: Português
Editora: Gradiva
Páginas: 152
Preço: € 10
ISBN: 978-9-72-662599-5
Título original: Hallucinating Foucault
Título original: Hallucinating Foucault
Avaliação: **** (bom)
De vez em quando aventuro-me pela literatura contemporânea, com resultados menos bons. Há excepções. A sombra de Foucault é um desses exemplos. Romance de estreia de Patricia Duncker, editado em 1996, ganhou o prémio Dillon’s First Fiction.
É um livro que se lê bem, pela linguagem acessível e parágrafos resumidos; tem um tom poético (e até musical) envolvente. A narrativa trata das relações pessoais, do "peso" dos textos literários, da loucura e das questões existenciais.
O texto é, a cada linha, uma homenagem ao movimento estruturalista, cujo principal representante foi o filósofo francês Michel Foucault, que, nos seus escritos, apelava ao desenvolvimento de uma ética individual de resistência ao poder; a sua obra encontra-se dividida em 3 estudos distintos: a loucura no mundo ocidental, as articulações entre o saber e o poder, e o triângulo poder/prisões/sexualidade.
«Quem és tu, ponto de interrogação?, eu questiono-me muito. No teu hábito de gala pareces um magistrado. És o mais feliz dos sinais de pontuação porque pelo menos obténs respostas.»
Por esta altura já estarão a pensar que o livro é uma seca, que só interessará e será perceptível a quem conheça ou admire o trabalho de Foucault, mas isso não acontece.
Esta é uma obra de ficção e a figura do filósofo (e consequentemente os seus estudos) apenas servem de base à acção propriamente dita, na medida em que inspiram as personagens no seu quotidiano e na maneira como encaram a vida e o ser humano.
Em todo o livro, o verdadeiro enfoque é na relação que se desenvolve entre um autor famoso, Paul Michel, e um seu fã estudante (e nosso narrador), que tem por ele e pelas suas ideias uma admiração imensa.
A forma como a autora explora a ligação entre escritor e leitor é muito bem ilustrada e quando o nosso narrador, impelido a visitar o instável Paul Michel, internado num hospício, tem o primeiro contacto com o seu ídolo, assistimos a um desconcertante diálogo, onde se espelham cogitações e amarguras. E a narrativa flui, agradável e sem pretensões intelectuais, com o leitor rendido à inteligência e acutilância de Paul Michel.
«Escrevo com o brilho desempoeirado do soalho dum salão de baile. Escrevo para idiotas.»
É um livro que se lê bem, pela linguagem acessível e parágrafos resumidos; tem um tom poético (e até musical) envolvente. A narrativa trata das relações pessoais, do "peso" dos textos literários, da loucura e das questões existenciais.
O texto é, a cada linha, uma homenagem ao movimento estruturalista, cujo principal representante foi o filósofo francês Michel Foucault, que, nos seus escritos, apelava ao desenvolvimento de uma ética individual de resistência ao poder; a sua obra encontra-se dividida em 3 estudos distintos: a loucura no mundo ocidental, as articulações entre o saber e o poder, e o triângulo poder/prisões/sexualidade.
«Quem és tu, ponto de interrogação?, eu questiono-me muito. No teu hábito de gala pareces um magistrado. És o mais feliz dos sinais de pontuação porque pelo menos obténs respostas.»
Por esta altura já estarão a pensar que o livro é uma seca, que só interessará e será perceptível a quem conheça ou admire o trabalho de Foucault, mas isso não acontece.
Esta é uma obra de ficção e a figura do filósofo (e consequentemente os seus estudos) apenas servem de base à acção propriamente dita, na medida em que inspiram as personagens no seu quotidiano e na maneira como encaram a vida e o ser humano.
Em todo o livro, o verdadeiro enfoque é na relação que se desenvolve entre um autor famoso, Paul Michel, e um seu fã estudante (e nosso narrador), que tem por ele e pelas suas ideias uma admiração imensa.
A forma como a autora explora a ligação entre escritor e leitor é muito bem ilustrada e quando o nosso narrador, impelido a visitar o instável Paul Michel, internado num hospício, tem o primeiro contacto com o seu ídolo, assistimos a um desconcertante diálogo, onde se espelham cogitações e amarguras. E a narrativa flui, agradável e sem pretensões intelectuais, com o leitor rendido à inteligência e acutilância de Paul Michel.
«Escrevo com o brilho desempoeirado do soalho dum salão de baile. Escrevo para idiotas.»
É um livro difícil de encontrar nas livrarias, mas garantidamente que o encontram no alfarrabista ou nas bancas de livros usados.
3 comentários:
Eu quero este livro. Há séculos que o procuro e não o encontro. :(
Como refiro no final do texto, é um livro difícil de encontrar nas livrarias, mas tenta num alfarrabista ou numa biblioteca municipal. good luck!
Tenho esse livro com o título de Alucinando Foucault. Gostei do seu texto Barroca. Aprecio a obra do filósofo francês. Possuo quase todos o seus livros e muitos de seus comentadores, incluindo José Guilherme Merquior,que considerado o principal crítico da obra foucautiana, que ele chama de foucaudiana.
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