domingo, março 27, 2022

Selection day

 

Autor: Aravind Adiga
Género: Contemporâneo
Idioma: Inglês
Páginas: 352
Editora: Picador
 Ano: 2016

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Aravind Adiga ganhou o Man Booker Prize com o seu romance de estreia, em 2008, O tigre branco.

Eu adorei o livro e, naturalmente, pus uns quantos títulos do autor na minha lista de livros a ler.

Quando vi Selection day na lista de novas aquisições da biblioteca, li a sinopse de fugida e trouxe-o comigo. Um mês não chegou para o ler, e tive de fazer um esforço para o acabar.  

Manju Kumar tem quatorze anos, e ele e o irmão mais velho, Radha, jogam críquete, por pressão pelo pai. Radha tem um talento natural mas Manju gosta de outras actividades e gostaria de descobrir muitas mais, mas...o pai tem o plano de tornar Radha o melhor jogador de críquete, com Manju num honroso segundo lugar, e isso implica dedicação e disciplina.

Um dos temas principais do livro é o sonho da profissionalização através do críquete ser para os miúdos indianos a oportunidade de escaparem a uma vida de miséria. É ainda explorado o tema da homossexualidade (numa sociedade que a classifica como um desvio), as angústias adolescentes, a rivalidade entre irmãos e as expectativas dos pais em relação aos filhos.

Escrito assim, Selection day resulta num resumo interessante mas a leitura é penosa. Não tem a mordacidade d'O tigre branco e as personagens não nos prendem, apesar dos capítulos iniciais serem bons. O último terço do livro foi o mais complicado de ler, pelo ritmo e por falta de interesse em saber o que aconteceria.

Soube, entretanto, que houve uma adaptação desta história ao pequeno ecrã, pela Netflix. 

Recomendo a leitura d'O tigre branco sem pestanejar. Não vou desistir de ler Aravind Adiga. Mas Selection day saldou-se, infelizmente, numa leitura aborrecida.

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(mediano/razoável)

domingo, março 20, 2022

Fábrica do Terror - divulgação do terror em Portugal

Foi lançado aquele que promete (palavras minhas) ser o portal de informação, por excelência (eu outra vez), sobre o terror feito em Portugal.

A Fábrica do Terror abriu portas a 15 de Março, fruto do trabalho árduo dos seus três co-fundadores - Pedro Lucas Martins, Sandra Henriques e Ricardo Alfaia - que, em Julho de 2021, decidiram unir forças (anímicas, vitais e criativas)  para criar um «site totalmente dedicado à arte de fazer terror em Portugal».

Fonte: fabrica-do-terror.com

Nas palavras da sua dinâmica «equipa operária», a FdT pretende ser: 

«uma montra de criadores (novos e consagrados) que atraia ainda mais criadores e que mostre que o terror em Portugal nunca morre (nem nunca «passa de moda»); um armazém (esperemos) a rebentar pelas costuras de obras de terror em português (literatura, ilustração, cinema, animação, etc.); uma fonte de inspiração onde reunimos insólitos, mitos urbanos e lendas da terrinha para mostrar que já temos «cá dentro» o que é preciso para criar obras de terror com que mais pessoas em Portugal se identifiquem; um espaço onde vamos partilhar notícias e novidades sobre concursos, festivais, lançamentos, eventos para que não se continue a achar que o terror em Portugal é qualquer coisa que só acontece de vez em quando.»

Já estão curiosos?

Na Fábrica do Terror, pode ler-se sobre as criações de terror em áreas e formatos diversos: livros, entrevistas, cinema, concursos, arte, e mais, apostando-se ainda na divulgação de novos autores e veteranos do género. 

Pretende-se não só saciar os amantes e simpatizantes existentes, como também cativar novos fãs e curiosos de um género (ainda) mal compreendido, tantas vezes reduzido ao estereótipo de que só tem sangue e tripas para oferecer.

Há ainda a possibilidade, para os autores que desejem partilhar as suas criações, publicadas ou inéditas, de submeter textos até mil palavras. Tive oportunidade de submeter um microconto que escrevi, intitulado Verão Quente, que podem ler aqui.

Apoiem a Fábrica do Terror, leiam e explorem o site, partilhem o vosso conteúdo favorito! 

E, se for o caso, submetam um texto vosso que esteja mortinho por sair da gaveta, ou do vosso disco rígido.

Podem ainda seguir a Fábrica do Terror via FB ou IG.  

Nota: Todo o conteúdo assinalado como «citado» foi retirado do site da FdT.

Fonte: fabrica-do-terror.com

domingo, março 13, 2022

The silence

 

Autor: Don DeLillo
Género: Contemporâneo
Idioma: Inglês
Páginas: 117
Editora: Scribner
 Ano: 2020

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Há anos que queria ler Don DeLillo, mas ainda não tinha calhado.

Depois de ter lido uma crítica cativante no New York Times sobre o seu mais recente livro, comprei The silence.

A história segue cinco nova-iorquinos que combinam encontrar-se para jantar e ver o maior evento desportivo do ano - a Super Bowl. 

Mas um apagão tecnológico repentino vira o mundo de pernas para o ar. Sem electricidade e telecomunicações, a civilização deixa de funcionar, e, com ela, os aviões, os telemóveis, as televisões. A razão nunca é explicada, mas é esta a premissa do livro, que se debruça sobre a solidão e confusão que se seguem ao apocalipse digital.

E é uma boa premissa, mas a execução resulta num livro desordenado. Os diálogos são repetitivos e não parecem relevantes. Há uma desconexão entre as personagens que se transferiu para mim, como leitora. O resultado foi que nunca entrei verdadeiramente na história nem nas considerações feitas pelas personagens que, apáticas, dizem banalidades e, pelo meio, citam Einstein.

Penso ainda que o livro resultaria melhor como uma peça de teatro, tendo em conta a forma como as cenas são apresentadas e a interacção entre as cinco personagens. E, como está, quase que parece o esboço de um livro maior, subdesenvolvido.

The Silence foi lançado umas semanas antes da pandemia covid e Don DeLillo foi elogiado pela sua visão profética. Se juntarmos a isso a presente dependência de milhões de pessoas às redes sociais e ao mundo digital, e a forma como isso afecta a forma como geralmente comunicamos, a clarividência de DeLillo é (ainda) mais louvável. 

Infelizmente, isso não torna o livro menos entediante. No final, o apocalipe digital resulta num tédio silencioso para os protagonistas que, sem ecrãs, não sabem comunicar uns com os outros. Uma ideia provocadora, uma execução infeliz.

Não recomendaria este livro a quem, como eu, nunca leu nada de DeLillo. Apesar de haverem uns quantos parágrafos de que gostei, vou ter de ler outro título dele para comprovar porque é um dos autores mais conceituados da literatura moderna.

Em Portugal, este livro foi editado pela Relógio d'Água.

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(mediano/razoável)

domingo, março 06, 2022

Miss October #4 - A cop and a gentleman

 

Autores: Stephen Desberg, Alain Queireix
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 50
Editora: Europe Comics (Kindle)
 Ano: 2018

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No final do livro anterior, foi revelada a identidade do assassino, uma das tramas principais desta série cuja acção é situada na Hollywood dos anos 60. Mas haviam coisas pendentes para fechar neste 4.º livro.

Outras situações foram sendo desenvolvidas paralelamente à história principal, ligadas à rivalidade na polícia, a várias traições, e a inúmeras mentiras. 

Uma delas é o conflito entre os detectives Clegg Jordan e Ariel Samson, que continuam às turras, recorrendo aos estratagemas possíveis para sabotar a carreira do outro. Há um vencedor, embora, no final, ninguém saia verdadeiramente incólume.

Fonte:
comiconline.com

E é esse o tom dark com que a série fecha; o facto de não haver um final feliz para nenhum dos envolvidos confirma que as escolhas feitas têm sempre consequências. 

Algo inevitável com tanta perda e deslealdade presentes ao longo da história, com personagens quase sempre motivadas pela ganância ou pela luxúria.

Fonte:
comiconline.com
 
Gostei da série e do seu tom sombrio, protagonizada por polícias corruptos (encurralados num sistema de corrupação institucional) e femmes fatales que existem num quotidiano de sexo e violência, numa Los Angeles moralmente falida.
 
Fonte:
comiconline.com
 
Este é o último livro de um total de quatro - todos editados em 2018.
 
Podem ler o apontamento aos outros livros da série
clicando nos links respectivos: primeiro, segundo e terceiro.
 
Aconselho a leitura da série Miss October - especialmente recomendada a quem goste de policiais noir.

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(bom)