Autor: Tehmina Durrani
Género: Biografia, Memórias
Idioma: Português
Editora: Edições Asa
Páginas: 320
Preço: € 15
ISBN: 978-9-72-411611-2
O livro não se lê muito bem, não só pelo conteúdo pesado – a autora não se coíbe de ser gráfica nas descrições de alguns abusos de que foi vítima por parte do companheiro – mas também pela forma pouco fluída como está escrito.
Tehmina realça o facto de que o livro é um meio de desmascarar a hipocrisia e decadência da elite que governa o Paquistão (o livro é de 1991) e de expôr a natureza violenta do seu marido.
Somos então confrontados com páginas em que a autora recorda episódios espaçados no tempo, num ritmo confuso, ao mesmo tempo que descreve a convivência com o marido; aqui os adjectivos são muito pouco lisonjeiros, com Tehmina a denunciar o adultério do marido com a irmã e os maus-tratos constantes às mãos do "Leão do Punjabe". E seguem-se mais agressões, maus-tratos, violência, opressão.
Paralelamente, o leitor comum debate-se, enquanto a sua mente ocidental tenta perceber a razão pela qual a autora perdoa e volta sempre para os braços de um marido que não hesita em trancar-se num quarto e desancá-la com o que tiver à mão... às vezes somente porque sim. E desfia o rosário, pondo-nos ao corrente dos seus planos de reconciliação com Mustafa, pois manter as aparências é crucial...
É reconhecível na autora um elitismo tacanho e uma vontade férrea para defender a imagem de membro da classe alta, que nos faz desligar como leitores. A páginas tantas, deixamos de nos importar, porque torna-se irritante e uma perda de tempo. A uma agressão, seguem-se as pazes, depois mais uns tabefes... e o ciclo não varia.
Não posso recomendar este livro nem elogiá-lo, e a sua finalidade permanece indefinida para mim. O que me chocou mais (e já li uma boa dúzia deste género de livros) é que a mensagem resumida salda-se num retrocesso na liberdade feminina, enbandeirado por um fraco modelo de mãe e mulher. Como lição de vida, sabe a muito pouco.
Não recomendo.
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