domingo, novembro 27, 2011

Dragon tears

Autor: Dean Koontz
Género:
Fantástico

Idioma:
Inglês
Editora: Berkley
Páginas: 416
Preço: €7
ISBN:  978-0425140031

Avaliação:
*** (mediano)

Dragon tears é o terceiro livro que leio do norte-americano Dean Koontz, um dos escritores de thriller/fantástico que mais vende nos EUA (onde ser bestseller é vender milhões de livros e receber também milhões em royalties).

Depois do óptimo Intensidade e do mediano The Door to December (ambos thrillers psicológicos), Dragon tears fala de um jovem com poderes sobre-humanos, poderes esses que usa para atormentar e destruir cidadãos indefesos, nomeadamente sem-abrigo e vagabundos, pessoas esquecidas e invisíveis na sociedade, com quem ninguém se preocupa e que o próprio considera descartáveis.

São estes excluídos as cobaias deste «deus» sem escrúpulos, que aumenta em poder de dia para dia, almejando dominar toda a raça humana. A salvação da humanidade reside, então, em dois despreocupados mas espirituosos e carismáticos detectives da polícia, que tropeçam no vilão de serviço por coincidência e acabam por salvar o mundo.

A primeira metade do livro é viciante, mas o desenrolar da história e o final são bastante trôpegos e previsíveis, o que desilude bastante. Dá a sensação de que o autor tinha demasiadas ideias mas a maior parte foram pouco afloradas, sem espaço para desenvolvimento, o que resulta em personagens superficiais e situações batidas.

Apesar de não um ser um grande livro, agradará aos fãs do suspense.


sexta-feira, novembro 18, 2011

O monte dos vendavais

Autor: Emily Brontë
Género:
Clássicos da literatura

Idioma:
Português
Editora: Editorial Presença
Colecção: Obras literárias escolhidas

Páginas: 320
Preço: € 15

ISBN:  978-9-72-234247-6
Título original: Wuthering heights

Avaliação:
****** (obra prima)

O monte dos vendavais é um clássico de referência, o único romance de Emily Brontë, publicado no século XIX sob pseudónimo.

É um livro viciante, com páginas repletas de emoção e sentimento e personagens fortíssimas, de uma intensidade que há muito não tinha o prazer de encontrar. Os protagonistas são de uma crueza e beleza avassaladoras, apesar de serem claramente anti-heróis.

Cathy Earnshaw é uma jovem de boas famílias, uma das herdeiras de um senhor rural, dono do Monte dos Vendavais, uma propriedade de ventos glaciais, pântanos e densos arvoredos. Longe de encaixar nos padrões femininos da época, Cathy tem um temperamento violento e propenso a crises de histeria, oculto sob uma beleza magnética.

Uma noite, o pai de Cathy traz consigo um órfão, um ciganito ranhoso e de olhos incandescentes de nome Heathcliff, e apresenta-o à filha. O par, que partilha uma personalidade turbulenta, depressa
se torna inseparável. O amor nasce e fortalece-se à medida que passam de miúdos a jovens adultos, mas mantendo sempre contornos egoístas e caprichosos. Quando Cathy confessa que não poderá casar com o seu amigo e amor de infância pois isso seria uma despromoção em termos sociais, o jovem desaparece sem rasto.

Quando regressa quatro anos depois, próspero, arrogante e amargo, encontra a sua amada Cathy casada com um homem que incorpora tudo o que Heathcliff despreza: posição social, mesuras e abastança aristocrática. Rancoroso, quer castigar todos os que o desdenharam e fizeram sofrer pela sua origem humilde.

Esta vingança trará negras consequências, num romance pontuado de actos insanos e maldosos, tendo como mote o amor. O livro tem passagens verdadeiramente tocantes e belas, justificando o epíteto de uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos.

«O meu amor pelo Linton é como a folhagem dos bosques: transformar-se-á com o tempo, sei-o bem, como as árvores se transformam com o Inverno. Mas o meu amor por Heathcliff é como as penedias que nos sustentam: podem não ser um deleite para os olhos, mas são imprescindíveis. Nelly, eu sou o Heathcliff. Ele está sempre, sempre, no meu pensamento. Não por prazer mas como parte de mim, como eu própria.
»

Um excerto do livro está disponível na internet.

quinta-feira, novembro 10, 2011

Agatha Christie's Hercule Poirot

Autor: Anne Hart
Género:
Não ficção

Idioma: Inglês
Editora: Harpercollins
Páginas: 352
Preço: € 11
ISBN: 978-0006499572

Avaliação:
**** (bom)

Sou uma fã confessa da dama do crime, Agatha Christie. Parte da minha adolescência foi preenchida com os livros que ela escreveu, inclusive dois sob o pseudónimo de Mary Westmacott. A biblioteca municipal tinha-os em abundância e eu não deixei escapar nenhum.

Sempre admirei o seu génio e astúcia, e se houve alguém capaz de cometer um crime perfeito, terá sido ela. Das personagens saídas da pena de Miss Agatha, as minhas preferidas são os perspicazes Hercule Poirot e Miss Marple, um belga excêntrico com uma paixão assolapada por licores e sapatos de verniz e uma octogenária de olhos azuis e expressão ternurenta que fez da cusquice uma ferramenta ao serviço da descoberta da verdade.

Este livro de Anne Hart, uma inglesa que partilha a paixão por estes dois personagens com leitores de todo o mundo, recria a vida, hábitos e costumes de Hercule Poirot (a autora escreveu um semelhante acerca de Miss Marple a que ainda não deitei a unha), recolhendo fragmentos e citações do próprio, do fiel Capitão Hastings ou de outras figuras que surgiram nos casos onde Poirot interviu, de forma a fazer uma biografia deste dandy dos primeiros meados do século XX.

«Sou, muito provavelmente, o melhor detective do mundo» e outras frases modestas saíam amiúde da boca de Poirot. Pequeno apenas em tamanho, este detective reformado da polícia belga deixava-me completamente vidrada com as suas deduções inteligentíssimas – muitas vezes resolvia os casos sentado na sua sala de chá a bebericar um cacau, depois de analisar factos e depoimentos. No entanto, sempre o preferi em campo, quando se deslocava em férias ou passeios e se via envolvidos em envenenamentos, apunhalamentos e outros derivados.

Era engraçado ver os emproados ingleses que encaravam, a priori, o cabeça de ovo como um homenzinho excêntrico ridículo e insignificante a evitar para, no final do livro, acabarem de queixada no chão, quando o hercúleo investigador reconstituía o crime ponto por ponto. Delicioso.


Em Agatha Christie's Hercule Poirot
, houve um trabalho de pesquisa intenso (a autora demorou dois anos a recolher dados), um esquadrinhar de todas as obras que permitiu reunir referências e diálogos de forma a dar a Poirot um passado, gostos e situações quotidianas.

É um livro interessante para um fã assumido de Hercule Poirot. Não tem nenhum mistério nem nenhuma trama, e nada mais é que uma simples e bem organizada biografia do detective mais famoso do mundo (pessoalmente, prefiro-o ao Sherlock).

Recomendo aos fãs de Poirot, pois será certamente uma leitura agradável, com inúmeras menções a casos resolvidos, uma homenagem a umas das personagens mais queridas da literatura policial, que reúne milhões de fãs em todo o mundo.


NOTA: Sei que este livro teve uma edição em Portugal, mas como não consegui arranjar nenhuma, tive de o adquirir no texto original.

sexta-feira, novembro 04, 2011

Cruz de ossos



Autor: Patricia Briggs
Género:
Fantasia Urbana
 

Idioma: Português
Editora: Saída de Emergência
Colecção: Bang!

Páginas: 288
Preço: € 16
ISBN:  978-9-89-637887-7
Título original: Bone crossed

Avaliação:
***** (muito bom)

Cruz de ossos é o volume 4 da série Mercedes Thompson, depois de O Apelo da lua, Vínculo de Sangue e Beijo do Ferro.

Mercy Thompson não é uma mulher comum, longe disso. Mecânica de profissão, é uma caminhante (walker), podendo assumir a forma de um coiote. Tem ainda um relacionamento com Adam, o alfa do bando local de lobisomens, divide a casa com outro lobisomem, Samuel, e tem amigos entre os vampiros e os seres feéricos da zona. A sua vida é cheia de sobressaltos e aventuras... tal qual ela gosta.
 
Neste livro, porém, Mercy vê-se a braços com algumas dificuldades que a sua desenvoltura habitual não consegue ultrapassar rapidamente. A atravessar um período pós-traumático, vê a sua garagem vandalizada ao mesmo tempo que descobre que a rainha dos vampiros, Marsilia, quer vê-la morta, depois da mecânica ter exterminado um dos seus favoritos.

A acção continua emocionante, o tom é bem-humorado. Mercy é uma heroína despachada e corajosa, e a história é contada em bom ritmo e com alguma profundidade, não deixando pontas soltas. Mas é, acima de tudo, bom entretenimento e a autora está a construir uma série forte e apetecível.

Em jeito de aparte, finalmente que temos uma capa catita, ao contrário das restantes, mais fracas (a do primeiro livro, então, é de fugir). Um pormenor menor
, sem dúvida, numa série que vou continuar a seguir.

Um excerto do livro está disponível no site da editora.