Autor: Amélie Nothomb
Género: Romance
Idioma: Português
Editora: Edições Asa
Páginas: 120
Preço: € 6
Género: Romance
Idioma: Português
Editora: Edições Asa
Páginas: 120
Preço: € 6
Temor e Tremor fez ganhar a Amélie Nothomb, nascida em Kobe (Japão), o Grand Prix da Academia francesa em modalidade romance, em 1999.
O título do romance vem de uma regra de etiqueta, no antigo protocolo nipónico, onde estava estipulado que as pessoas se deviam dirigir ao Imperador com «temor e tremor».
Este livro narra a experiência de trabalho de Nothomb como a única ocidental numa empresa japonesa, a Yumimoto, em 1990. Retrata chefes e subordinados, regras e ditames organizacionais que espantam sobretudo pela rigidez e contornos inumanos.
É incrível ver a diferença entre um gesto feito neste lado do mundo, e no outro, a oriente. Os japoneses não apreciam a agressividade competitiva, não acreditam em promoções meteóricas (há que subir lentamente, com o passar dos anos), tratam os subordinados como crianças, reclamam para si um estatuto divino em posições de chefia.
É interessante seguir os acontecimentos laborais da personagem principal: a entrada na empresa, a definição de hierarquia, as formas de integração no grupo de trabalho, a maneira como é acolhida. A nossa protagonista, Amélie, começa por ser colocada na secção de Importação/Exportação da Yumimoto e acaba a servir cafés e a virar folhas de calendário para os actualizar (depois de falhar no domínio da arte de bem fotocopiar) … e mesmo nisso não é bem sucedida.
Toda a acção do livro se passa no escritório, num ambiente claustrofóbico. Amélie deambula pelos andares, acima e abaixo, tentando entreter-se e passar despercebida, contando os dias até ao final do seu contrato de um ano, que mais parece ter a duração de uma vida.
Vai observando, relatando, entretendo o leitor com as descrições de um mundo automatizado, estéril em calor humano. Cada dia acarreta um castigo psicológico e um novo gesto de indiferença. A superior directa de Amélie, a bela e glacial Fubuki Mori, não facilita em nada a integração da subordinada e, entre as duas, nasce uma relação de amor/ódio que serve de enfoque às questões mais pertinentes levantadas pelo livro.
«Moldam-lhe o cérebro [à japonesa]. Se aos 25 anos não estiveres casada, terás boas razões para ter vergonha, (…) se um rapaz te beija a face em público és uma puta, se comeres com prazer és uma porca, se experimentares prazer em dormir és uma vaca.»
É um livro curioso, que vale pelo conhecimento de um mundo com valores quase antagónicos aos ocidentais. Além disso, embora tenha requisitado o meu da biblioteca municipal, tem um preço extremamente acessível e é um tipo de livro que circula facilmente pela rede de familiares e amigos.
O romance foi adaptado ao cinema em 2003 pelo realizador Alain Corneau. Opinei sobre ele no blog bué de fitas.
O título do romance vem de uma regra de etiqueta, no antigo protocolo nipónico, onde estava estipulado que as pessoas se deviam dirigir ao Imperador com «temor e tremor».
Este livro narra a experiência de trabalho de Nothomb como a única ocidental numa empresa japonesa, a Yumimoto, em 1990. Retrata chefes e subordinados, regras e ditames organizacionais que espantam sobretudo pela rigidez e contornos inumanos.
É incrível ver a diferença entre um gesto feito neste lado do mundo, e no outro, a oriente. Os japoneses não apreciam a agressividade competitiva, não acreditam em promoções meteóricas (há que subir lentamente, com o passar dos anos), tratam os subordinados como crianças, reclamam para si um estatuto divino em posições de chefia.
É interessante seguir os acontecimentos laborais da personagem principal: a entrada na empresa, a definição de hierarquia, as formas de integração no grupo de trabalho, a maneira como é acolhida. A nossa protagonista, Amélie, começa por ser colocada na secção de Importação/Exportação da Yumimoto e acaba a servir cafés e a virar folhas de calendário para os actualizar (depois de falhar no domínio da arte de bem fotocopiar) … e mesmo nisso não é bem sucedida.
Toda a acção do livro se passa no escritório, num ambiente claustrofóbico. Amélie deambula pelos andares, acima e abaixo, tentando entreter-se e passar despercebida, contando os dias até ao final do seu contrato de um ano, que mais parece ter a duração de uma vida.
Vai observando, relatando, entretendo o leitor com as descrições de um mundo automatizado, estéril em calor humano. Cada dia acarreta um castigo psicológico e um novo gesto de indiferença. A superior directa de Amélie, a bela e glacial Fubuki Mori, não facilita em nada a integração da subordinada e, entre as duas, nasce uma relação de amor/ódio que serve de enfoque às questões mais pertinentes levantadas pelo livro.
«Moldam-lhe o cérebro [à japonesa]. Se aos 25 anos não estiveres casada, terás boas razões para ter vergonha, (…) se um rapaz te beija a face em público és uma puta, se comeres com prazer és uma porca, se experimentares prazer em dormir és uma vaca.»
É um livro curioso, que vale pelo conhecimento de um mundo com valores quase antagónicos aos ocidentais. Além disso, embora tenha requisitado o meu da biblioteca municipal, tem um preço extremamente acessível e é um tipo de livro que circula facilmente pela rede de familiares e amigos.
O romance foi adaptado ao cinema em 2003 pelo realizador Alain Corneau. Opinei sobre ele no blog bué de fitas.
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