domingo, maio 01, 2022

A vegetariana

 

Autor: Han Kang
Género: Romance

Idioma: Português

Páginas: 192

Editora: Leya

Ano: 2019
Título original:
채식주의자 

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A vegetariana é uma história dividida em três partes: “A vegetariana”, “Mancha mongólica” e “Árvores flamejantes”. Cada parte é narrada por uma personagem ligada à titular da história, Yeong-hye: primeiro o marido, depois o cunhado e, por último, a irmã.

Yeong-hye é-nos descrita pelo marido como uma pessoa sem «rigorosamente nada de especial». Ele considera-a uma dona de casa cumpridora e uma esposa atenta e pouco expressiva. Ele, por sua vez, é um empregado discreto e pouco ambicioso.

Os dois fazem uma vida normal, sem sobressaltos. Até ao dia em que Yeong-hye anuncia que passou a ser vegetariana. A única explicação que dá é que teve um sonho, sem revelar que o mesmo, extremamente sombrio e sangrento, a abalou ao ponto de alterar a forma como se vê, e ao mundo.
 
E é nas primeiras páginas que descobrimos que esta história não é sobre escolhas alimentares, focando-se antes na crueldade e violência humanas. Estas irrompem no mundo de Yeong-hye, agora “desperta”, passando esta a ser alvo da frustração, intolerância e agressividade da família mais próxima, que a confronta e a tenta obrigar a voltar ao “normal”.

A nossa personagem principal nunca tem voz, com a sua história a ser contada do seu ponto de vista de outras pessoas. Na contra-capa há a indicação de que o livro comenta sobre a sociedade sul-coreana que lhe serve de cenário. É fácil, depois, fazer a leitura das nuances ligadas ao minimizar das aspirações das mulheres, o seu papel secundário, e as expectativas de comportamento dos sexos.

A multitude de interpretações possíveis, nascida do conflito entre o lado primitivo e natural e o lado condicionado pela família e pela sociedade do ser humano, é um ponto forte. O livro tem "apenas" 190 páginas, mas são páginas que pulsam de cor, textura e emoções! Há vários momentos de luz e de escuridão, de sonho e de pesadelo, carregados de simbolismo.

A vegetariana é um livro extraordinário e brutal. As sensações que me provocou permaneceram vívidas, mesmo entre as pausas de leitura.

Este título ganhou o Booker Prize de 2016, uma lista de candidatos que incluía Orhan Pamuk (Nobel da Literatura de 2006), Elena Ferrante e José Eduardo Agualusa.

Entretanto, encomendei outro livro de Han Kang.

Numa nota final, uma menção à excelente capa da edição portuguesa. 

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(fenomenal)