domingo, março 05, 2023

Rapariga, Mulher, Outra

   

Autor: Bernardine Evaristo
Género: Contemporâneo

Idioma: Português

Páginas: 470

Editora: Elsinore

Ano: 2020
Título original:
Girl, Woman, Other

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Bernardine Evaristo é natural de Londres, onde nasceu em 1959. Filha de mãe britânica e pai nigeriano, a sua obra inclui romance, poesia, contos, teatro e crítica literária, e explora a diáspora africana e a vida moderna.

Rapariga, Mulher, Outra, o seu oitavo romance, foi, ex-aequo com Os Testamentos, de Margaret Atwood, o vencedor do Booker Prize de 2019, e Livro do Ano do British Book Awards 2020.

Neste romance, o leitor segue doze personagens, a maioria mulheres negras britânicas. Cada personagem tem um capítulo com o seu nome, onde conta a sua história - e as experiências, origens e escolhas de cada uma não poderiam ser mais diferentes entre si.

Temos, por exemplo, uma dramaturga lésbica preocupada com o que significa ser politicamente puro ou um “vendido”; uma mulher que persegue o sucesso no mundo (branco) da alta finança; uma jovem não-binária que usa a Internet para discutir as suas ideias; uma noiva “encomendada” dos Barbados.

A maioria das personagens têm laços de sangue/amizade/afectivos entre si, citando-se frequentemente. A estrutura do livro, cuja única pausa são vírgulas e quebras de parágrafo, é invulgar mas de fácil habituação.

Rapariga, Mulher, Outra é sobre luta e afirmação, mas também sobre amor e preconceito.

Acredito que para muitos leitores, como eu, o mundo retratado não seja um mundo familiar, focado numa Grã-Bretanha retratada com menos frequência na ficção.

Abordando o feminismo, o privilégio branco, o amor e o racismo através de várias décadas, o livro permite descobrir mais sobre a história do Reino Unido, perceber a mudança de mentalidades e o aumento de oportunidades e melhoria de condições de vida das pessoas negras e mestiças. Acolhi o conhecimento sem reservas. Pessoalmente, preferi as histórias das personagens mais velhas, com uma narrativa menos retórica e politizada, sendo o epílogo com as duas personagens de 80 e 90 anos a minha parte favorita.

Rapariga, Mulher, Outra  é uma narrativa contemporânea, com uma escrita rica e emocional, que recomendo.

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(muito bom)