Autor: Bernardine Evaristo
Género: Contemporâneo
Idioma: Português
Páginas: 470
Editora: Elsinore
Ano: 2020
Título original: Girl, Woman, Other
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Bernardine Evaristo é natural de Londres, onde nasceu em 1959. Filha de mãe britânica e pai nigeriano, a sua obra inclui romance, poesia, contos, teatro e crítica literária, e explora a diáspora africana e a vida moderna.
Rapariga, Mulher, Outra, o seu oitavo romance, foi, ex-aequo com Os Testamentos, de Margaret Atwood, o vencedor do Booker Prize de 2019, e Livro do Ano do British Book Awards 2020.
Neste romance, o leitor segue doze personagens, a maioria mulheres negras britânicas. Cada personagem tem um capítulo com o seu nome, onde conta a sua história - e as experiências, origens e escolhas de cada uma não poderiam ser mais diferentes entre si.
Temos, por exemplo, uma
dramaturga lésbica preocupada com o que significa ser politicamente
puro ou um “vendido”; uma mulher que persegue o sucesso no mundo (branco)
da alta finança; uma jovem não-binária que usa a Internet para
discutir as suas ideias; uma noiva “encomendada” dos Barbados.
A
maioria das personagens têm laços de sangue/amizade/afectivos entre
si, citando-se frequentemente. A estrutura do livro, cuja única
pausa são vírgulas e quebras de parágrafo, é invulgar mas de fácil habituação.
Rapariga, Mulher, Outra é sobre luta e afirmação, mas também sobre amor e preconceito.
Acredito que para muitos
leitores, como eu, o mundo retratado não seja um mundo familiar, focado numa
Grã-Bretanha retratada com menos frequência na ficção.
Abordando
o feminismo, o privilégio branco, o amor e o racismo através de
várias décadas, o livro permite descobrir mais sobre a história do Reino
Unido, perceber a mudança de mentalidades e o aumento de
oportunidades e melhoria de condições de vida das pessoas negras
e mestiças. Acolhi o conhecimento sem reservas. Pessoalmente,
preferi as histórias das personagens mais velhas, com uma narrativa
menos retórica e politizada, sendo o epílogo com as duas personagens de 80 e 90
anos a minha parte favorita.
Rapariga, Mulher, Outra é uma narrativa contemporânea, com uma escrita rica e emocional, que recomendo.
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(muito bom)