Idioma: Português
Páginas: 160
Editora: Ala dos livros
Ano: 2021
Título original: Les Indes fourbes
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Este ano tem sido de ouro em leituras de BD.
Depois de Pele de Homem, O jogador de xadrez e Rugas, leio O burlão nas Índias.
Abram alas para Pablos de
Segóvia, o nosso protagonista, que, segundo o prefácio, já se
destacava nos romances picarescos satíricos de Francisco de Quevedo,
no século XVII.
Don Pablos viaja pelo
novo continente, atravessando a Cordilheira dos Andes e explorando a
selva amazónica, em busca do mítico Eldorado. À vez miserável e
rico, adorado e odiado, livre e encarcerado, Pablos conhece a sarjeta
e a opulência.
Fonte: imagem do livro |
Dividido em três partes,
O burlão nas Índias faz múltiplos flashbacks, com episódios
da infância e da juventude do nosso “herói”, onde abundam
alusões ao texto de Quevedo: a profissão do pai como barbeiro e a
do tio como carrasco, as atividades de bruxa da mãe, a execução do
irmão.
A época (implacável)
parece justificar um protagonista astuto, que usa expedientes e
charme na medida do necessário, tentando melhorar a sua condição
de pobre. Angariando aliados, traindo e sendo traído, Don Pablos
arrisca tudo pela descoberta da cidade dourada. E os obstáculos são
muitos!
Fonte: imagem do livro |
A narrativa de Ayroles é brilhante, abordando temas como a luta de classes, o comércio e exploração de escravos. O arco final da história é fenomenal, e o leitor percebe toda a construção até aí, quando tudo encaixa.
Os desenhos de Guarnido são, também eles, espectaculares e expressivos, passando por cortes sumptuosas, becos, navios, selvas e cordilheiras.
Fonte: imagem do livro |
Alain Ayroles e Juanjo Guarnido trazem-nos um romance picaresco excelente, de final magistral. Obrigatório.
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(fenomenal)