10 de janeiro de 2022

O naufrágio das civilizações

 

Autor: Amin Maalouf
Género: Ensaio, Política

Idioma: Português

Páginas: 240

Editora: Marcador

Ano: 2020

Título original:
Le naufrage des civilisations  

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Amin Maalouf é um escritor e historiador líbano-francês, membro da Academia Francesa, composta pelos intelectuais mais proeminentes do meio francês.
 
Maalouf nasceu em Beirute, onde trabalhou como jornalista até 1975, quando rebentou a guerra civil libanesa. Nessa altura, mudou-se para França, iniciando a actividade como escritor. Como romancista, arrecadou inúmeros prémios, incluindo o prestigiado Goncourt.
 
Quando me ofereceram O naufrágio das civilizações, reconheci o nome do autor e, embora nunca o tivesse lido, sabia que a obra de Maalouf é caracterizada pelas temáticas da guerra e da emigração.  
 
Aqui, o resultado é um livro de geopolítica focado no Médio Oriente da segunda metade do século XX, cobrindo a presidência de Nasser no Egipto, a crise do Suez, a guerra dos seis dias (conflito árabe-israelense de 1967), a revolução islâmica do aiatola Khomeini, passando por vários episódios da política norte-americana.

Num mix de memórias e análise, o autor cruza factos históricos e biográficos, com contornos históricos e sociológicos, numa linguagem clara. Reflectindo sobre as últimas décadas, Maalouf aborda ainda o aquecimento global e as mudanças tecnológicas, incluindo a revolução digital e a robótica, que provavelmente farão com que centenas de milhões de empregos desapareçam.
 
Numa referência ao Brexit, menciona o fracasso do projeto europeu, alertando ainda para a perda da credibilidade democrática da América - acelerada durante o mandato de Donald Trump. Ao mesmo tempo que uma nova corrida ao armamento (nuclear) parece inevitável, são cada vez mais sérias as ameaças ao clima e ao meio ambiente, que só poderiam ser enfrentadas com uma solidariedade global que não existe. Cada vez há mais cisão e um maior distanciamento entre povos, apoiado em ideias xenófobas e de preservação de identidade individual onde a inclusão é condicionada pelas agendas políticas.
 
O naufrágio das civilizações é um apanhado das últimas décadas, uma análise que se salda numa leitura tão realista como deprimente. Isso não lhe tira qualidade, mas recomenda-se uma leitura pausada, com intervalos generosos para reflexão.
 
«Será que vamos aprender alguma coisa antes que estas calamidades nos atinjam? Teremos a força de alma necessária para nos recompormos e corrigirmos a situação antes que seja demasiado tarde?»

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(bom)

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