9 de julho de 2010

A tapeçaria de Fionavar

Autor: Guy Gavriel Kay
Género: Fantasia
Idioma: Português
Editora: Livros do Brasil
Páginas: 1076
Preço: € 53 (trilogia)
ISBN:  978-9-72-382602-9 / 978-9-72-382649-4 / 978-9-72-382664-7

Avaliação:  ***** (muito bom)

A Tapeçaria de Fionavar é uma trilogia fantástica (em género e qualidade) da autoria de Guy Gavriel Kay (G.G. Kay), composta por três títulos:

1 - A Árvore do Verão
2 - O Fogo Errante
3 - A Senda Sombria
 
Assumidamente high fantasy, na melhor tradição tolkieana, foi editada em Portugal pela Livros do Brasil, na colecção Argonauta Gigante, com os números 16, 17 e 18. A Tapeçaria de Fionavar tem a sua história localizada em dois mundos: o nosso mundo (anos 80, quando foram escritos os livros) e Fionavar, «o primeiro de todos os mundos».

A premissa é simples: cinco estudantes universitários são transportados para o primeiro dos mundos, Fionavar, por e a convite de um mago de lá oriundo, Loren Silvercloak, sob o pretexto de participarem na celebração do 50.º aniversário do reinado do Alto Rei.

Porém, quando Rakoth Maugrim, o Desafiador, consegue libertar-se da sua prisão encantada, apercebem-se que têm um papel crucial na luta do Bem contra o Mal. À sua maneira, e à medida da sua intervenção em Fionavar, cada um descobre um destino naquele mundo, em locais diferentes, seja cavalgando ao lado de uma tribo nómada de caçadores (os Dalrei), em busca de aventuras com o princípe Diarmuid, ou na corte do velho rei Ailell.

Prefiro não revelar muito do enredo, pois os livros são muito mais deliciosos de ler sem sabermos os imbróglios onde os protagonistas se vão meter; mas posso recomendar sem reservas e afirmar, com segurança, que o leitor não se irá arrepender.

Confesso que quando comecei a ler o livro, fiquei renitente com o início: ser transportado via magia para outro mundo pareceu-me um pouco forçado, ainda por cima logo na abertura do livro, sem uma introdução no mundo fantástico. Faltou a envolvência inicial, costumeira neste tipo de narrativa. Mas passando essas páginas iniciais, e à medida que a acção começou a evoluir e a história foi ficando consistente, esqueci isso.

São livros bem escritos em prosa fluida, muito bem "entrelaçados" uns nos outros (é visível que G. G. Kay dá atenção aos pormenores), onde os protagonistas - Paul, Kevin, Jennifer, Kim e Dave -, que têm igual valor e importância, contam a história a cinco vozes, mesmo quando algumas vozes intervêem mais do que outras.

Outra coisa que gostei nos livros foi o ritmo rápido; há muito sumo e poucos momentos mortos, não há capítulos "para encher". Achei isso muito positivo, não só porque facilitou a leitura mas também porque apurou o interesse.

A Tapeçaria de Fionavar é uma trilogia populada de muitos valores e emoções: amor, amizade, sacrifício, honra, altruísmo, crescimento pessoal e colectivo. Não há lugares-comuns, as personagens são ricas e empáticas e as suas acções são compreensíveis.

É um livro de fantasia para adultos, cheio de situações que inspiram, alegram, entristecem ou revoltam. G.G. Kay é um escritor muito talentoso, nunca perdendo o fio à meada.

A trilogia, que granjeou alguns prémios, tem um lugar exclusivo no site autorizado do autor.

3 de julho de 2010

Dark visions

 Autores:  Stephen King, Dan Simmons, George R. R. Martin
Género: Terror, Fantástico
Idioma: Inglês
Editora: Orion
Páginas: 384
Preço: € 8,35
ISBN:  978-0-57-540290-4
Avaliação: *** (mediano)

Dark Visions é uma compilação de sete contos: três de Stephen King, outros três de Dan Simmons, e o último de George R.R. Martin.

De Stephen King temos 'Reploids' (que trata de realidades alternativas), 'Sneakers' (sobre um local incomum 
assombrado - uma cabina sanitária) e 'Dedication' (uma grávida que ingere o sémen de um escritor a fim de captar algum do seu talento para o nascisturo).

'Metastasis' (sobre um homem que consegue ver os parasitas que infectam as pessoas com cancro), 'Vanni Fucci is Alive and Well and Living in Hell' (uma transmissão televisiva evangélica recebe uma inesperada visita infernal)  e 'Iverson's Pits' (um veterano da guerra civil americana não esquece os horrores passados) são os contos de Dan Simmons.

O ultimo conto é também o mais longo; 'The Skin Trade' do George R. R. Martin, uma werewolf novella

Tenho livros dos três autores e aprecio-os a todos, mas comprei este livro por causa de G.R.R. Martin. Como fã declarada da saga The Song of Ice & Fire, editada em Portugal pela Saída de Emergência, estou a tentar ler tudo dele e ainda não me desiludi.

Ao lado de autores com créditos não menos firmados, Martin não deixa os seus por mãos alheias, conseguindo, na minha opinião, o melhor conto do livro (vencedor do World Fantasy Award em 1989 por Best Novella).

As estórias de Dan Simmons sucedem-se da melhor para a pior, sendo 'Iverson’s Pits' tão secante quanto 'Metastasis' é original (e é-o, realmente).

Stephen King é o que fica mais aquém do trio de autores, embora 'Dedication' seja uma leitura cativante pela premissa invulgar (e até repugnante); as suas contribuições neste volume podem ser encontradas noutras colectâneas.

Este é um livro que vale a pena comprar por 'The Skin Trade', que não foi publicada em mais nenhum lado, e por 'Metastasis'. Os outros contos lêem-se bem mas não são marcantes.

No geral, é 50-50. Metade bom e metade sofrível.