Autor: Michel Houellebecq
Género: Romance
Idioma: Português
Páginas: 264
Editora: Alfaguara
Ano: 2015
ISBN: 978-989-8775276
Título original: Soumission
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Michel
Houellebecq é um dos mais reputados autores franceses. Nunca tinha lido
nada dele. Entre amigos e colegas, o consenso é que Submissão, não sendo o seu melhor livro, é seu dúvida o mais falado.
Poucas horas após Submissão
ter chegado às livrarias, em Janeiro de 2015, deu-se o tiroteio no
jornal satírico Charlie Hebdo, que vitimou 12 pessoas. Entre as vítimas
contava-se o economista Bernard Maris, um dos amigos
mais próximos de Houellebecq. A capa do Charlie dessa semana mostrava
uma caricatura de Houllebecq prevendo que em 2022 (ano em que se passa a
acção de Submissão),
praticaria o jejum do Ramadão. Havia rumores de que Houellebecq,
habitualmente um crítico do Islão, faria no seu próximo romance,
uma apologia do mesmo.
O
narrador de Submissão é François, um francês quarentão, professor da Sorbonne, perito
em Joris-Karl Huysmans, um dos autores associados ao “movimento
decadente
francês”. François, que se descreve como sendo tão "político como uma
toalha de banho", assiste sem emoção aos resultados finais das eleições
francesas
de 2022. A França está prestes a ser governada por uma de duas facções:
Marine Le Pen e a sua Frente Nacional estão empatados com um partido
(fictício), a Fraternidade Muçulmana,
liderada pelo carismático Mohammed Ben Abbes. Os socialistas, sob a
batuta de Manuel Valls, decidem formar uma coligação com a Fraternidade.
Ben Abbes é nomeado Presidente.
Enquanto
Le Pen conduz uma marcha nos Champs Elysées com os seus apoiantes, o
governo de Ben Abbes age rápido e calculadamente, e a mudança para um
estado de
sharia é aceite sem protesto; as mudanças dão-se bastante rápido: forçando as mulheres a deixarem os
postos de trabalho, os
números do desemprego caem a pique; os judeus
são encorajados a emigrar; o défice é eliminado através de
cortes na educação (entre os quais o encerramento da Sorbonne – com o
consequente desemprego de François).
Todas as mulheres residentes em França são obrigadas a usar o véu islâmico.
François
vê a sua vida (ainda) mais vazia e incerta. Longínquos parecem os
tempos áureos académicos e, com eles, o acesso a um número ilimitado de alunas dispostas a serem suas amantes; sozinho com a sua misoginia, a sua
misantropia e as suas hemorróidas, François vê-se destinado a devorar
refeições pré-prontas frente à
televisão e a embebedar-se serão após serão. O suicídio chega a afigurar-se-lhe
como uma solução.
A
sua única companhia são as obras de Huysmans, que adquirem um novo
significado na nova realidade política e social, dando ao ex-académico
uma perspectiva
inédita das coisas. Refugia-se no campo e faz algumas peregrinações, o
que lhe permite compreender melhor – e a sentir – o apelo do divino. De
volta a Paris, é convidado a reingressar
na nova Sorbonne – rebaptizada Universidade Islâmica de Paris-Sorbonne,
financiada que é agora por dinheiro saudita. O que se segue é inevitável...
Submissão é uma distopia, uma crónica anunciada, pela pena de Houellebecq, do que espera o povo francês.
Comigo fica uma leitura difícil de digerir mas que não deixa ninguém indiferente. Fiquei com curiosidade em ler mais do autor.
"Poderá o máximo da felicidade humana residir na submissão absoluta?
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(bom)