27 de julho de 2013

Morte em Pemberley



Autor: P.D. James
Género:
Policial
Idioma: Português
Editora: Porto Editora
Páginas: 304
ISBN:  978-9-72-004422-8
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Mais uma fã de Jane Austen deste lado. Depois de devorar Orgulho e Preconceito, fiquei fã de Mr. Darcy e Lizzy; não descansei até ter visto o filme e a série da BBC, também excelentes.

O "bichinho" continua cá e ando sempre atenta, como qualquer janeite que se preze, a qualquer ficção que derive desse clássico fantástico. Assim, quando vi este novo livro de P.D. James, não descansei enquanto não o li. Não havia forma de não correr bem, ainda mais porque gosto de policiais e suspense (adoro o Poirot e a Miss Marple, hello!). Só poderia correr mal se o livro não fosse bom, o que já aconteceu com A independência de uma mulher.

Morte em Pemberley leva-nos de volta à magnificência e riqueza de Pemberley, seis anos depois do final de Orgulho e Preconceito (OeP). Fitzwilliam e Lizzy são super felizes, têm 2 filhos lindos e vivem rodeados de amigos, gargalhadas e afecto.
 
Mas... e ou não fosse P.D. James a grande senhora do crime dos tempos modernos, o perigo espreita e ensombra a vida perfeita dos Darcy. Uma morte em Pemberley vai lançar dúvidas sobre a respeitabilidade e a virtude da família e dar azo a que alguns abutres se alinhem para destruir a felicidade dos nossos protagonistas. Surgem velhos conhecidos e cenários familiares e é bom reencontrar personagens de quem gostamos e cujas adversidades acompanhámos e por quem torcemos (Lizzy, Jane, Darcy) ou cujo exílio desejámos (Wickham, Lidia, Lady Catherine de Bourgh).

O início do livro tem o tom clássico da obra de Jane Austen e augura uma boa história; fiquei entusiasmada. Durou pouco. A história tornou-se aborrecida e repetitiva, apesar do tom, das descrições e da voz narrativa soarem a 1803 e 1804; as personagens não têm o brilho nem o carisma da obra original e não parecem as mesmas. O crime também está longe de ser brilhante e a conclusão do livro é tão... cinzenta.

Até hoje, nunca tinha lido nada de P.D. James mas acredito que este livro simplesmente não é a sua praia ou a autora não teria o sucesso que tem; certamente que lerei uns policiais dela, mas esta incursão pelo mundo de Austen é para esquecer. Não sou uma purista e adorava ter lido um bom livro e reviver alguma da excitação e deleite que tive ao ler OeP, o livro é que não tem estaleca nem substância para atingir esse patamar.


A Porto Editora disponibilizou um excerto e podem ler o início do livro aqui. Se são fãs de Austen e de OeP, provavelmente vão querer ler na mesma Morte em Pemberley, mas fica o aviso: é muito fraquinho.
 
   
avaliação: ** (fraco)

14 de julho de 2013

Não gosto do meu pescoço



Autor: Nora Ephron
Género:
Contemporâneo
Idioma: Português
Editora: Casa das Letras
Páginas: 184
ISBN:  978-9-72-461717-6
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Nora Ephron, falecida em 2012, tornou-se famosa por escrever e realizar êxitos de bilheteira como Você tem uma Mensagem, Casei com uma Feiticeira e Sintonia de Amor. No campo das letras, distinguiu-se pelos seus artigos femininos  na revista Esquire e pelos livros espirituosos sobre a condição feminina, de que Não gosto do meu pescoço - e outros humores, achaques e amores da vida das mulheres é um exemplo.

Nora é bastante cândida e divertida na forma como fala das várias atribulações da vida de uma mulher madura: o envelhecimento, a saída dos filhos de casa, as operações plásticas, a morte dos amigos. Num tom ligeiro, dá como exemplo o pescoço e como este revela, implacavelmente, a idade de uma mulher.

«O pescoço denuncia-nos. Os nossos rostos contam mentiras e os nossos pescoços contam a verdade. Temos de serrar uma sequóia para lhe averiguar a idade, o que não seria necessário de as sequóias tivessem pescoço

A autora teve uma vida bastante cheia, com 3 casamentos, filmes de sucesso e alguns prémios. O livro conta alguns dos pontos de viragem da vida de Nora Ephron sem ser uma biografia. A mensagem é directa: o tempo passa, acontecem coisas boas e acontecem coisas más, mas o que escolhemos reter é uma escolha individual.
 

Apesar de se falar de morte e doença, também se fala de filhos e carreira, de beleza e relacionamentos. A escrita é leve e o tom bem-humorado, sarcástico, apurado. O livro chega ao fim rapidamente, mas com menos de 200 páginas, outra coisa não seria de esperar.

«De vez em quando leio um livro sobre o envelhecimento e seja quem for o autor diz sempre que é magnífico ser velho. É magnífico ser sensato, sábio e sagaz; é magnífico estar naquela fase da vida em que se compreende o que é realmente importante. Não suporto pessoas que dizem coisas deste tipo. Em que é que estão a pensar? Não têm pescoço?!»

Mesmo não apreciando particularmente a filmografia de Nora Ephron, achei Não gosto do meu pescoço - e outros humores, achaques e amores da vida das mulheres um livro bastante razoável apesar de ligeirinho. É um bom presente para uma mulher mais velha; foca os assuntos certos sem deprimir e sem ser professoral.
 
   
avaliação: *** (mediano)