segunda-feira, maio 29, 2023

The War of Art

  

Autor: Steven Pressfield
Género: Não Ficção

Idioma: Inglês

Páginas: 108

Editora: Fastpencil Inc
(e-book)
Ano: 2010

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The War of Art, com o subtítuloWinning the inner creative battle” é citado com frequência em listas de leitura relacionadas com escrita criativa

Não fiz a ligação à primeira com o autor dos dramas históricos Portas de Fogo e A última Amazona, que li faz anos, mas é o mesmo Steven Pressfield, um escritor bestseller.

The War of Art é um livro curto, com capítulos breves que vão directos ao assunto.

E o assunto é como compreender e combater as barreiras psicológicas que muitos artistas enfrentam para produzirem as suas obras, algo que Pressfield intitula de « resistência ».

Assim, por exemplo, alguém que quer escrever um livro pode desanimar, por achar que não tem nada de novo e/ou relevante a dizer; ou alguém que está a pensar tornar-se freelancer, pode debater-se com dúvidas de que não tem talento suficiente que lhe permita viver da actividade.

O livro envereda, por vezes, por caminhos de auto-ajuda que podem não ser do agrado de alguns. Goste-se, ou não, dessas incursões, rapidamente se volta ao tom motivacional e à abordagem prática - como referi, é um livro curto.

The War of Art identifica como a « resistência » se manifesta e impede o artista de progredir ou acabar a sua obra.

Dá dicas de como a combater e ir além da mesma, misturando conselhos com considerações filosóficas q.b. sobre musas, inspiração e o valor da arte que se produz.

Há partes algo rebuscadas (lembro-me de um parágrafo sobre Hitler ter sido um artista falhado e poder ter canalizado a sua energia desastrosamente – estou a parafrasear), mas, lembremo-nos, o autor é um contador de histórias...

No geral, gostei bastante das metáforas e da mensagem.

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(bom)

sexta-feira, maio 19, 2023

Vann Nath: painting the Khmer Rouge

     

Autores: Matteo Mastragostino, Paolo Vincenzo Castaldi
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 128
Editora: Humanoids
Ano: 2020

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Vann Nath: painting the Khmer Rouge é um livro de ficção histórica, baseado na experiência do protagonista titular durante o regime do Khmer Vermelho, uma das ditaduras mais brutais do século XX.

O livro começa em 1975, com o Khmer Vermelho a subir ao poder e a expulsar vários habitantes das cidades, nomeadamente de Pnom Pen, uma vez que os seguidores do partido comunista desconfiavam das ideias e atitudes progressistas dos moradores da capital, onde se concentravam os artistas e intelectuais.

Seguimos Vann Nath a relembrar o perído que passou na S-21 (hoje o museu do genocídio Tuol Sleng), a prisão do Khmer Vermelho na capital cambojana.


Fonte: imagem do livro

Das cerca de dezassete mil pessoas encarceradas na S-21, doze sobreviveram. Vann Nath foi poupado porque a direcção da prisão precisava de alguém para fazer um retrato de Pol Pot.

Vann foi um de sete prisioneiros a escapar à execução pela sua “utilidade” para difundir a propaganda do regime.

O pintor, e activista de direitos humanos depois de sair da prisão, tornou-se o sobrevivente mais famoso de um dos capítulos mais sombrios da história do seu país.

As suas pinturas do quotidiano e das torturas na S-21, feitas nos anos após a sua libertação, foram usadas como prova no julgamento de 2010 do chefe da prisão, Kaing “Duch” Guek Eav, pelo tribunal de genocídio do Khmer Vermelho, apoiado pela ONU. O pintor foi ainda uma das testemunhas-chave (uma cena ilustrada neste livro).

Vann Nath sofria de uma doença renal, resultado das privações na prisão, e fazia diálise frequentemente. Faleceu a 5 de Setembro de 2011, aos 65 anos; sobreviveram-lhe a esposa e três filhos.

 

Fonte: imagem do livro

Voltando à BD: Mastragostino, o argumentista, escolheu não contar a história de uma forma linear, o que poderá não resultar da melhor maneira se o leitor não conhecer este período negro da história cambojana. Também não há nenhum enfoque no activismo de Vann Nath na história em BD, apenas em notas posteriores.

Em termos de ilustração, o trabalho de Castaldi é superior, usando pinceladas para criar um mundo mais delicado, que contrasta com as barbaridades da acção. Os vilões têm expressões carregadas e, por vezes, dentes pontiagudos. As cores usadas são os cinzas, castanhos e vermelhos.

Eu estive no Camboja em 2016 e visitei a S-21/Tuol Sleng e um dos campos de morte (killing fields). Algumas das pinturas de Vann Nath adornam as paredes de Tuol Sleng. Não me esqueci.

O regime do Khmer Vermelho dizimou uma grande parte da população do Camboja no final dos anos 1970; o guia disse-nos que o Camboja é, por isso, uma das nações com mais jovens per capita.

Fonte: imagem do livro

Vann Nath: painting the Khmer Rouge é uma visão necessária da vida numa ditadura, o tipo de história que não podemos esquecer.

Podem ver alguns dos quadros do artista, a maioria bastante gráficos, neste website

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(bom)

terça-feira, maio 09, 2023

Elevação

  

Autor: Stephen King
Género: Mistério

Idioma: Português

Páginas: 120

Editora: Bertrand Editora

Ano: 2020
Título original:
Elevation

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Detentor de uma capacidade invulgar de provocar medo, Stephen King assusta-nos como poucos escritores.

Mas do seu talento imenso também saem histórias de esperança e superação. Elevação, de 2018 – o mesmo ano em que King publicou O intruso –, é um desses exemplos.

Scott Carey perde peso todos os dias... mas não se nota na sua aparência. Homem pacato, Scott só confia o seu segredo ao Dr. Ellis, entretanto reformado, que não encontra nada de errado a não ser a situação inexplicável.

Scott recusa-se a tornar-se uma experiência, por isso guarda segredo da sua condição. Ao mesmo tempo, envolve-se numa discussão com as vizinhas Deidre e Missy, um casal de lésbicas que abriu um restaurante na cidade, e que todos os dias sente a má-vontade e a hostilidade dos restantes habitantes por não encaixarem nas “expectativas” da comunidade.

Entretanto, Scott começa a compreender a vida difícil das vizinhas e tenta ajudar, enquanto lida com o seu próprio dilema, antecipando o dia em que desaparecerá.

Enquanto a comunidade se une num evento desportivo e se prepara para mais uma comemoração do Dia de Acção de Graças, a história mostra como podemos encontrar algo em comum apesar das diferenças. Uma premissa simples para ilustrar um manifesto pela tolerância.

Em Elevação, Stephen King leva-nos de volta a Castle Rock, uma cidade pequena que já serviu de cenário a alguns dos seus livros (The dead zone; Needful things).

Ao contrário da maioria dos livros de King, este não recebeu nomeações nem prémios. Mas não é uma leitura menor; é uma boa história, com um toque de sobrenatural, e uma mensagem bonita, com contornos políticos (Donald Trump é mencionado – King sempre foi vocal em relação à sua ideologia política).

A leitura d'Elevação é fluída, e chegamos rapidamente ao final (o livro é curto), inspirador e com tónica na amizade.

Recomendo sem reservas.

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(bom)

segunda-feira, maio 01, 2023

Algériennes: the forgotten women of the Algerian Revolution

     

Autores: Swann Meralli, Deloupy
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 128
Editora: Penn State Press
Ano: 2020

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Ao ler sobre a guerra de independência da Argélia (1954-1962) – também conhecida como Revolução da Argélia –, a francesa Béatrice percebe que é uma “enfant d'appelé” (a filha de alguém convocado).

Curiosa em saber mais, pergunta ao pai, que se recusa a falar sobre a sua experiência. Béatrice percebe o trauma por detrás do silêncio, e não insiste.

A mãe, no entanto, conta-lhe da sua passagem pela Argélia e encoraja Béatrice a descobrir mais; a jovem decide viajar até lá.


Fonte: imagem do livro

E é nessa viagem que Beatrice conhece várias sobreviventes do conflito e percebe que «a guerra pela independência também foi uma guerra de mulheres, dentro de uma guerra de homens».

Em Algériennes: the forgotten women of the Algerian Revolution, cada mulher expressa sentimentos, traumas e a sua verdade, em histórias contadas na 1.ª pessoa: histórias de resistentes e de combatentes, histórias de tortura e de brutalidade, cada uma com uma perspectiva distinta.

 

Fonte: imagem do livro


A guerra da Argélia foi um conflito violento entre a França e a Frente de Libertação Nacional argelina. Travada principalmente na Argélia, marcou profundamente os cidadãos de ambos os países e continua a ser um tópico desconfortável.

Fonte: imagem do livro

Algériennes: the forgotten women of the Algerian Revolution é um testemunho comovente do papel e da vida das mulheres que se viram envolvidas na guerra, uma versão muitas vezes omitida.

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(bom)