Autor: Cormac McCarthy
Género: Romance
Idioma: Português
Páginas: 220
Editora: Impresa
Ano: 2010
Género: Romance
Idioma: Português
Páginas: 220
Editora: Impresa
Ano: 2010
ISBN: 978-972-792204-8
Título original: No country for old men
Tradução: Paulo Faria
Título original: No country for old men
Tradução: Paulo Faria
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Já tinha este livro na estante há alguns anos, quando saiu com a revistão Visão, há uns Verões idos. O preço foi de rir, absolutamente insano para a qualidade do livro, mas isso eu não sabia. Tive sorte em dose dupla, aliás, pois a minha estreia na escrita de Cormac McCarthy não podia ter sido melhor. Tenho de ler mais deste autor, é uma certeza.
Texas, 1980.
As notícias sobre tiroteios e cadáveres nas ruas tornaram-se habituais, o tráfico de droga é comum, um negócio maioritariamente dominado pelos mexicanos.
Durante uma caçada em Rio Grande, Llewelyn Moss, soldador e veterano da guerra do Vietname, depara-se com o cenário de um negócio de droga que correu mal. Para trás ficaram corpos mortos, muitos quilos de droga e 2 milhões de dólares.
Apesar de viver uma vida honesta, Moss não resiste: fica com o dinheiro. No entanto, a sua compaixão fá-lo cometer um erro que revela a sua identidade à escumalha traficante e não tarda a ter um grupo de pessoas nos calcanhares: a polícia, o cartel e um psicopata chamado Anton Chigurh, a personificação moderna do mal e um dos antagonistas mais arrepiantes de todos os livros que já li; perto dele, ou se está morto ou se está moribundo. Chigurh tem uma lógica distorcida e é implacável perante o objectivo. Mata naturalmente, sem remorso, sem emoção.
Na peúgada de ambos, encontra-se o xerife Ed Tom Bell, desgastado pela forma como a sociedade tem evoluído e como os valores tradicionais se têm perdido. Ultrapassado, é através dos seus monólogos que entendemos a inevitabilidade das coisas e o que acontece quando nos recusamos a reconhecer que o homem é a pior criatura à face da terra, persistindo numa ingenuidade forçada de que a decência prevalecerá.
É esta trupe que acompanhamos ao longo de umas intensas 220 páginas, em que nos maravilhamos com a escrita experiente do autor. Tudo faz sentido, os diálogos sem travessões obrigam a uma leitura mais atenta e a um absorver mais impactante do que a personagem está a dizer. Há uma harmonia admirável na escrita de McCarthy, ainda mais meritória quando a acção está cheia de maldade e violência, descrita de uma forma tão talentosa que nunca soa sensacionalista nem acessória, no que considero ser uma tradução muito bem conseguida do excelente texto orginal.
Este país não é para velhos é um livro brutal: em qualidade, em textura, em personagens masculinas. Um thriller fantástico, com pitadas mestras de filosofia e gore.
«Na semana passada, lá na Califórnia, apanharam um casal que alugava quartos a idosos e depois matava-os e enterrava-os no quintal. (...) Os vizinhos foram alertados quando um homem fugiu de casa completamente despido, trazendo apenas uma coleira de cão ao pescoço. (...) Todo aquele berreiro e o casal a fazer buracos no quintal não pôs ninguém de sobreaviso.»
A sua adaptação ao cinema pelos Coen é muito boa, mas prefiro o livro, apesar de tudo; as pessoas são mais autênticas e menos heróicas, mais próximas da realidade que da ficção; os Coen estiveram excelentes, mas McCarthy esteve ainda melhor.
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(muito bom)