sexta-feira, outubro 28, 2022

Shark week

 


Autor: Matt Shaw
Género: Terror
Idioma: Inglês
Páginas: 96
Editora: Kindle Edition
 Ano: 2020

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Depois de Pest, aventurei-me noutro livro de Matt Shaw.

É um autor com vários contos e livros editados, nomeadamente no sítio da Amazon
, onde compro alguns e-books.

A história de Shark week pareceu-me apelativa, a começar pela capa, que contém uma descrição da expressão que serve de título: em gíria, refere-se à semana em que uma mulher está menstruada, o que implicará tensão e comportamentos imprevisíveis e/ou hostis.

Depois, a sinopse: uma noite, o céu tinge-se de vermelho quando um meteoro passa junto à Terra; algumas pessoas preveem o fim do mundo enquanto outras celebram o facto de a humanidade ter escapado ao destino que extinguiu os dinossauros. Mas a passagem do meteoro parece ter outro efeito, particularmente sobre as mulheres, levando a actos extremos de violência.

O conto não perde tempo a mergulhar na acção; o terror é gráfico, o ritmo é rápido, a linguagem é "colorida".

Eu achei a história divertida, uma versão retorcida de empoderamento feminino, quando o girl power não corre nada bem. O final tem uma boa reviravolta.

Para mim, Matt Shaw é um autor a continuar a ler.

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(bom)

terça-feira, outubro 18, 2022

Vozes de Chernobyl: história de um desastre nuclear

  

Autor: Svetlana Alexievich
Género: Não Ficção

Idioma: Português

Páginas: 336

Editora: Elsinore

Ano: 2016
Título original:
Chernobylskaya molitva

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O ano passado, vi Chernobyl, uma série fenomenal da HBO, cujo argumento foi baseado no livro de Svetlana Alexievich. Comprei o livro pouco depois.

Quem nunca ouviu falar de Chernobyl, o desastre nuclear que resultou na formação e difusão de uma nuvem radioactiva que contaminou pessoas, animais e o meio ambiente de uma vasta extensão de terras? O desastre ocorrido em 1986, na fronteira da Ucrânia com a Bielorússia, que os Russos tentaram ocultar, o mais possível, dos Europeus?
 
Vozes de Chernobyl: história de um desastre nuclear foi uma leitura lenta. É um livro intenso, com passagens muito difíceis.
«A morte é a coisa mais justa do mundo
E isto porque nesta recolha de testemunhos por parte da escritora e jornalista, feita ao longo de três anos, ouvimos vozes de bombeiros, soldados, caçadores, pilotos de helicópteros, profissionais de saúde, burocratas, viúvas e mães de crianças com defeitos à nascença. Narram episódios de heroísmo, perda, tristeza e incompetência. Pelo meio, a autora relata as pausas no discurso: [ri], [começa a chorar], [pára de falar].
 
Limpezas, rondas, evacuações e outros serviços feitos sem equipamentos de protecção, por humanos muitas vezes a fazer o trabalho de máquinas que avariaram devido à radiação intensa.   

«Disseram a todos nós a mesma coisa: é-nos impossível dar-vos os corpos dos vossos maridos, dos vossos filhos, estão em estado muito radioativo e vão ser enterrados num cemitério de Moscovo, de forma especial. Em urnas de zinco seladas, debaixo de lajes de cimento. E vocês têm de assinar este documento. É preciso o vosso consentimento. (...) os mortos, como bem viam, eram agora heróis e já não pertenciam às suas famílias. Já eram figuras do Estado... Pertenciam ao Estado.»

São os detalhes pessoais que nos tocam fundo: os contratados para abaterem animais de estimação abandonados no seguimento de evacuações forçadas; daqueles que recusaram abandonar as suas casas em terreno contaminado; dos homens que limparam a zona do reactor sem serem informados dos riscos. Todos eles faziam parte do tecido social da época, soviéticos até ao tutano e selectivamente (in)formados pelo partido.

O que estas pessoas passaram é indescritível e a autora consegue dar-lhes voz, e fá-lo de uma forma bela e simples, sem lhes beliscar a dignidade nem suavizar o que é dito.

Svetlana Alexievich foi galardoada com o Nobel da Literatura em 2015 «pela sua escrita polifónica, monumento ao sofrimento e à coragem na nossa época».

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(fenomenal)

domingo, outubro 09, 2022

Maids

    

Autor: Katie Skelly
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 106
Editora: Fantagraphics (Kindle)
Ano: 2020

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Le Mans, anos 30.

As irmãs Papin, Christine e Lea, são empregadas domésticas na casa dos Lancelin.

Na noite de 2 de fevereiro de 1933, as irmãs matam a esposa e a filha mais nova da família. O crime é brutal, cometido num frenesim que deixa as vítimas irreconhecíveis.

O caso causou um grande impacto em França. Foi sugerido que o crime ocorreu devido à exploração das irmãs em jornadas de trabalho de 14 horas, com folgas raras.

Fonte: imagem do livro

Em Maids, Katie Skelly conta à história de Christine e Lea Papin em banda desenhada.

Gostei do traço leve, minimalista, colorido. Porém, a história soube-me a pouco, com vários pormenores excluídos - há várias páginas online sobre o caso onde se relata
a relação das irmãs, o seu passado familiar, o julgamento, etc.

Fonte: imagem do livro

Maids é a mais recente adaptação do caso das irmãs Papin, que já foi tema de peças de teatro, documentários e filmes, incluindo o thriller francês Les blessures assassines, o thriller britânico Sister my sister, e a peça do dramaturgo francês Jean Genet Les Bonnes

Desconhecia que inspirou a história do excelente filme Parasitas, do cineasta Bong Joon-ho, que venceu os Óscares de Melhor Realizador, Melhor Argumento Original e Melhor Filme em 2020.

Fonte: imagem do livro


Não sendo uma má leitura, esta banda desenhada ficou aquém.

Fiquei bastante interessada em ver os thrillers francês e inglês
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(mediano/razoável)

quarta-feira, outubro 05, 2022

Sangue Novo vence Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa 2022

Em Novembro de 2021, fui publicada pela primeira vez. 

A estreia literária foi na antologia Sangue Novo, editada e ilustrada pelo autor premiado Pedro Lucas Martins - site do autor. O (espectacular) design gráfico do livro foi da responsabilidade do Ricardo Alfaia.

Nela, 15 novos autores portugueses
deram-se a conhecer aos fãs do terror/fantástico (ver post anterior sobre o livro aqui); eu contribuí com o conto 'Ritos'.

Na 18.ª edição do Fórum Fantástico (FF), realizada há poucos dias, a nossa antologia estava nomeada para os Prémios Adamastor, na categoria 'Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa'. E ganhámos! 💙

Ilustração: Artur Filipe
Design: Pedro Daniel
  
 

«Os Prémios Adamastor do Fantástico, atribuídos por nomeação e voto universal, são organizados pelo Colectivo Trëma, pretendendo evidenciar anualmente a produção nacional no género Fantástico, em vários formatos.

O processo de nomeação é aberto a todos os interessados, e a votação final e atribuição dos Prémios será feita durante o evento Fórum Fantástico
.

Os Prémios Adamastor do Fantástico são organizados com as seguintes categorias:
– Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa;
– Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Estrangeira;
– Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto;
– Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada;
– Distinção Personalidade Fantástica.»

Fonte: forumfantastico.wordpress.com/premios-adamastor

 
Um grande obrigado a quem votou em nós!

O 'Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto' foi ainda conquistado por um dos autores do Sangue Novo: a Liliana Duarte Pereira com o conto 'O manicómio das mães'. 💛

Consultem o site do FF para descobrir os outros vencedores. A todos os premiados e nomeados: parabéns e votos de sucesso!
 
Podem comprar o Sangue Novo na Fnac, na Bertrand, na Wook, na Amazon e na página do Projecto Foco. Boa leitura!

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Índice

Pestinhas - Cláudio André Redondo 
Tarde de Verão - Ricardo Alfaia 
Praga - Sandra Henriques
O manicómio das mães - Liliana Duarte Pereira
Conta comigo - Martina Mendes
Labirinto - Paulo A. M. Oliveira
Godigana - Maria Varanda
O devorador de sonhos - Marta Nazaré
Bom trabalho - José Maria Covas
Sonhei com uma linha vermelha - Madalena Feliciano Santos
Amor - Patrícia Sá
A mais bela profissão - Sandra Amado
Ritos - Vanessa Barroca dos Reis
O palco vazio - Susana Silva
A tradição - Francisco Horta

domingo, outubro 02, 2022

O adeus a Hilary Mantel aos 70 anos

Foto: google images

Dame Hilary Mantel, a célebre romancista histórica que atingiu o feito de ser a primeira mulher a ganhar o Man Booker Prize duas vezes (em 2009 com Wolf Hall, e em 2012 com Bring up the bodies), faleceu no passado dia 22 de Setembro.
 
Escritora bestseller nascida em 1952, o seu trabalho mais (re)conhecido é a trilogia Thomas Cromwell - Wolf Hall, O livro negro, O espelho e a luz - aclamado pela crítica mundial. Ofereci os livros ao meu marido, que adora História, mas ainda não os li.
 
Descrita como a «mais brilhante escritora inglesa» pelo Guardian, Hilary Mantel escreveu 17 livros, incluindo a colectânea de contos O assassinato de Margaret Thatcher (Jacarandá Editora), A place of greater safety (romance histórico sobre a Revolução Francesa), e o livro de memórias Giving up the ghost. 
 
A sua obra está traduzida em 41 línguas e somou vários prémios literários além do Man Booker, entre os quais o British Book Award, o Hawthornden Prize, o Walter Scott Prize e o Costa Book Award, só para nomear alguns.

Cursou Direito, trabalhou como assistente social e vendedora. Teve vários problemas de saúde que culminaram numa menopausa cirúrgica aos 27 anos que a deixou estéril e com dores crónicas - acerca disso, disse numa entrevista que «it narrowed my options in life, [and] it narrowed them to writing.»

Viveu com o marido no Botswana e na Arábia Saudita. Desde 2010 que residia na pequena cidade costeira de Em 2015, foi distinguida pela Coroa Britânica com o título honorário de "Dame Commander".
 
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Foto: google images