quinta-feira, março 30, 2023

The sheriff of Babylon

     

Autores: Tom King, Mitch Gerards
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 304
Editora: Vertigo
Ano: 2018

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O ano passado, em leituras de BD, foi excelente, com leituras como Pele de Homem, O jogador de xadrez e O burlão nas Índias.

Por isso, quero continuar a ler mais do género.

O autor de The Sheriff of Babylon, Tom King, foi agente da CIA na unidade de contra-terrorismo antes de se tornar escritor a tempo inteiro.

Em 2014, juntou-se ao ilustrador Mitch Gerads para criar The Sheriff of Babylon, uma BD inspirada na temporada que King passou no Iraque enquanto operacional.

A história passa-se em Bagdade, em 2004, nos anos imediatos à queda de Saddam Hussein. As forças americanas “controlam” o Iraque, e o protagonista, o ex-polícia Christopher Henry, tem a missão de treinar a nova polícia iraquiana.


Fonte: imagem do livro

Quando dois soldados americanos encontram o corpo de um dos indivíduos treinados por Henry, este é chamado para recuperar o corpo e devolvê-lo à família. Ele decide iniciar uma investigação, que se revela cheia de perigos e intrigas, e que o leva a cruzar-se com vítimas da guerra, criminosos, espiões e agentes duplos.

As ilustrações de The Sheriff of Babylon são excelentes, vívidas na forma como retratam a extensão da guerra e das suas atrocidades.

Os diálogos são bons mas um pouco confusos, assim como a acção. O tom é bastante político e demora o seu tempo a desenvolver, e as coisas só aceleram na segunda parte do livro (que tem 300 páginas).


Fonte: imagem do livro

O final não é claro mas acho que compreendo o objectivo: não há lados certos nem errados em conflitos armados e há muito "cinzento" no que se segue quando o vencedor controla a narrativa. Levanta várias questões e salda-se numa leitura desconfortável, o que considero positivo.

Creio que uma segunda leitura ajudaria, mas é um livro longo e escolho não investir mais tempo nele. Mas recomendo-o na mesma; os livros não têm de ser excelentes para merecerem ser recomendados.

Fonte: imagem do livro

Esta banda desenhada foi publicada em Portugal pela Levoir em 2018, e dividida em dois volumes.

****
(bom)

domingo, março 12, 2023

Something is killing the children vols. 2 / 3 / 4

 



Autores: James Tynion IV,
Werther Dell'Edera, Miquel Muerto
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 118 (vol.2), 144 (vol.3), 144 (vol.4).
Editora: BOOM! Studios
Ano: 2020, 2021, 2022. 

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Something is killing the children é uma série de livros de banda desenhada, cinco dos quais já estão editados.

Comentei aqui no blogue sobre o 1.º volume.

Nos volumes 2 a 4, editados entre o final de 2020 e o início de 2022, vai sendo desvendado o passado de Erica Slaughter (da House of Slaughter) e percebemos como a organização para a qual ela trabalha (Order of Saint George) funciona.

Erica foi, no primeiro volume, a escolhida para lidar com as criaturas responsáveis pelo desaparecimento de várias crianças em Archer's Peak. É uma heroína forte e carismática.

Fonte: arte alternativa do volume 4

A mistura de elementos de terror e brutalidade é bem doseada com o desenvolvimento das personagens.

O tom dos livros permanece sombrio, uma imagem de marca que quem segue a série aprendeu a reconhecer, e a gostar.
Afinal, a atmosfera de Something is killing the children continua a ser um dos seus pontos fortes.

Fonte: google images

A arte gráfica encaixa perfeitamente na história e é muito boa.
 
No final dos volumes, estão disponíveis as capas alternativas e alguns rascunhos feitos por outros artistas.

A série continua a acumular prémios na área, tanto a nível artístico como de argumento - parabéns ao autor James Tynion, ao ilustrador
Dell'Edera, e ao colorista Muerto.
 
Fonte: arte alternativa do volume 3

Entretanto, há uns meses, saiu uma notícia que dá conta do afastamento de Mike Flanagan (Hush, Doctor Sleep, Missa da meia noite) da adaptação desta série de BD, comentando que foi escolhida uma nova abordagem à mesma - a Netflix continuará a financiar o projecto.

Continuo curiosa em ver o resultado final
e em seguir a série de BD.

*****
(muito bom)

domingo, março 05, 2023

Rapariga, Mulher, Outra

   

Autor: Bernardine Evaristo
Género: Contemporâneo

Idioma: Português

Páginas: 470

Editora: Elsinore

Ano: 2020
Título original:
Girl, Woman, Other

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Bernardine Evaristo é natural de Londres, onde nasceu em 1959. Filha de mãe britânica e pai nigeriano, a sua obra inclui romance, poesia, contos, teatro e crítica literária, e explora a diáspora africana e a vida moderna.

Rapariga, Mulher, Outra, o seu oitavo romance, foi, ex-aequo com Os Testamentos, de Margaret Atwood, o vencedor do Booker Prize de 2019, e Livro do Ano do British Book Awards 2020.

Neste romance, o leitor segue doze personagens, a maioria mulheres negras britânicas. Cada personagem tem um capítulo com o seu nome, onde conta a sua história - e as experiências, origens e escolhas de cada uma não poderiam ser mais diferentes entre si.

Temos, por exemplo, uma dramaturga lésbica preocupada com o que significa ser politicamente puro ou um “vendido”; uma mulher que persegue o sucesso no mundo (branco) da alta finança; uma jovem não-binária que usa a Internet para discutir as suas ideias; uma noiva “encomendada” dos Barbados.

A maioria das personagens têm laços de sangue/amizade/afectivos entre si, citando-se frequentemente. A estrutura do livro, cuja única pausa são vírgulas e quebras de parágrafo, é invulgar mas de fácil habituação.

Rapariga, Mulher, Outra é sobre luta e afirmação, mas também sobre amor e preconceito.

Acredito que para muitos leitores, como eu, o mundo retratado não seja um mundo familiar, focado numa Grã-Bretanha retratada com menos frequência na ficção.

Abordando o feminismo, o privilégio branco, o amor e o racismo através de várias décadas, o livro permite descobrir mais sobre a história do Reino Unido, perceber a mudança de mentalidades e o aumento de oportunidades e melhoria de condições de vida das pessoas negras e mestiças. Acolhi o conhecimento sem reservas. Pessoalmente, preferi as histórias das personagens mais velhas, com uma narrativa menos retórica e politizada, sendo o epílogo com as duas personagens de 80 e 90 anos a minha parte favorita.

Rapariga, Mulher, Outra  é uma narrativa contemporânea, com uma escrita rica e emocional, que recomendo.

*****
(muito bom)