segunda-feira, novembro 20, 2023

O Clube do Crime das Quintas-Feiras


Autor: Richard Osman
Género: Policial

Idioma: Português

Páginas: 384

Editora: Editorial Planeta

Ano: 2021
Título original:
The Thursday Murder Club

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Esta série de livros - O Clube do Crime das Quintas-feiras - já vai em quatro volumes e após o sucesso do primeiro, fala-se numa adaptação ao cinema.

O autor é Richard Osman, um apresentador de televisão e comediante britânico.

Neste primeiro livro, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, somos apresentados ao núcleo duro dos livros, quatro reformados que vivem numa comunidade sénior cheia de conforto e serviços - na qual muitos de nós, quiçá, gostaria de viver quando chegar a altura.

Todas as quintas-feiras (o único dia em que a sala de convívio está livre), o grupo de duas mulheres e dois homens (quase) octogenários, reúne-se para discutir crimes que ficaram por resolver: Ron, ex-sindicalista, Joyce, ex-enfermeira, Ibrahim, ex-psiquiatra, e a dinâmica Elizabeth, a líder do grupo (não vou dizer a sua ex-profissão). Cada um partilha o seu conhecimento e aporta um considerável intelecto.

Quando um homicídio ocorre envolvendo uma pessoa conhecida do grupo, o clube vê-se no centro da acção.

Decidi ler O Clube do Crime das Quintas-Feiras porque o vi mencionado em sites que frequento e porque o enorme número de críticas era favorável. Já o fiz no passado e tanto corre bem, como menos bem. Também não conhecia o autor e gosto de explorar novas vozes, sendo ainda que o policial é um dos meus géneros de eleição.

E… podia ter corrido melhor.

O Clube do Crime das Quintas-Feiras começa bem: a ideia é gira e o grupo de velhotes é castiço. O tom é descontraído, com bons diálogos.

A alternância da narrativa principal do livro com as páginas do diário de Joyce (o mais recente membro do clube) resulta bem. Uma nota positiva para a capa.

Agora o menos bom.

A nível de enredo, é fraco, algo essencial num policial.

O livro começa a arrastar-se por volta da primeira centena de páginas e vai perdendo força. 
 
Há uma meia medida em vários aspectos: o humor nem sempre resulta, como policial há vários procedimentos que levam a franzir o sobrolho (mais para quem lê dentro do género policial passado em Inglaterra), o suspense/mistério desilude.
 
O saldo é mediano.
 
Policiais que recomendo: A Seca, de Jane Harper; Sopro do mal, de Donato Carrisi; Instrumentos da noite, de Thomas H. Cook.

***
(mediano)

domingo, novembro 12, 2023

Between here and the yellow sea

  

Autor: Nic Pizzolatto
Género: Contos

Idioma: Inglês

Páginas: 275

Editora: MP Publishing Limited (Kindle)

Ano: 2006

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Nic Pizzolatto é o génio criativo por detrás de uma das melhores séries de sempre: True Detective. Criou o conceito e escreveu toda a primeira temporada sozinho.

E a primeira temporada, protagonizada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson, e lançada em 2014, é simplesmente uma obra-prima!

O enorme sucesso lançou Pizzolatto para o estrelato e, naturalmente, as suas obras foram reeditadas.

Em Portugal, só tem um dos seus livros publicados - não é este.

Between here and the yellow sea não tem o mesmo tom nem tema de True Detective. É um facto. Outro facto: o livro é bom e vale por si mesmo.

Os contos passam-se em cidades pequenas, longe das metrópoles norte-americanas, onde as personagens enfrentam situações de abandono, gravidezes indesejadas ou violência em casa.

Há várias reflexões existenciais, um tema caro ao autor, e que seriam desenvolvidas mais tarde em True Detective.

A escrita, requintada e poética, sugere o talento latente de Nic Pizzolatto.

O autor é hábil a descrever os diferentes ambientes onde as personagens se movem e a visualização dos cenários rurais é vívida.

Nos contos menos conseguidos, a história acaba abruptamente. Isso e os finais abertos é o que enfraquece o livro.

Índice do livro (contos preferidos destacados em negrito)

1. Ghost birds

2. Amy’s watch

3. 1987, the races

4. Two shores

5. Between here and the yellow sea

6. The guild of thieves, lost women and Sunrise Palms

7. A cryptograph

8. Haunted Earth

9. Nepal

«At a palmetto’s base, he saw a tarantula being mobbed by a legion of fire ants. He crouched down and watched for several minutes until the spider was only a surface of squirming ants, and the structure began to softly collapse.» (excerto tirado do conto 'Nepal').

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(bom)

sábado, novembro 04, 2023

O Noivo

  

Autor: Ha Jin
Género: Contos

Idioma: Português

Páginas: 212

Editora: Gradiva

Ano: 2001
Título original:
The Bridegroom
Tradução: Rui Pires Cabral

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Nascido na China em 1956, Jin Xuefei escreve sob o pseudónimo Ha Jin.

O autor mudou-se para os Estados Unidos na década de 80, onde ainda reside e trabalha como professor universitário de Inglês.
 
Ha Jin publicou livros de ficção e de poesia, entre os quais se destacam Waiting / À Espera (vencedor do PEN/Faulkner Award e do National Book Award), e este O Noivo (distinguido com o Asian American Literary Award).

O Noivo reúne doze histórias, passadas na cidade de Muji, focadas no quotidiano dos homens e mulheres chineses que começam a sentir a influência do Ocidente, embora continuem imersos numa sociedade que procura controlar cada um dos seus passos e pensamentos.

A forma de as personagens lidarem com as injustiças e mágoas é através do humor ou do estoicismo.

Apesar da linguagem simples e directa do autor, e da diversidade dos contos, demorei a acabar o livro. Não o achei particularmente cativante, nem pelos temas nem pelas personagens.

Contou como ponto positivo o tentar ler nas entrelinhas e perceber as metáforas, mas houve demasiada tónica em pormenores que acrescentavam pouco à história e diálogos circulares, com páginas extra que pareciam apenas acrescentar volume em vez de "sumo".

Infelizmente, não fiquei curiosa em explorar mais deste autor.

***
(mediano)

terça-feira, outubro 24, 2023

These savage shores

    

Autores: Ram V, Sumit Kumar
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 176
Editora: Vault Comics
Ano: 2019

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1766. Dois séculos após o primeiro navio europeu ter navegado para a Costa do Malabar e ter chegado a Calicut, a Companhia das Índias Orientais procura garantir o seu futuro ao longo da lucrativa Rota da Seda.

Um mal antigo segue a bordo de um dos navios da Companhia, em busca de um lar no novo mundo, apenas para descobrir que aquele é vetusto, com demónios poderosos e lendas muito antigas.

É nestas costas selvagens que se vai travar um combate implacável entre poderes negros com séculos de idade.


Fonte: imagem do livro

Cedo percebemos como os interesses colonizadores da Companhia das Índias Orientais justificaram atrocidades em nome da Coroa Inglesa em novos territórios longe de terra europeias.

These savage shores mistura colonialismo, vampirismo e lendas hindus. A história é muito boa, com uma mistura rica de seres sobrenaturais, maquinações políticas, amor e amizade. Há um embate cultural e mitológico entre criaturas das culturas ocidental e oriental, num confronto selvagem entre seres imortais e mortais.

Esta edição de capa dura reúne os cinco volumes originais e é uma obra de arte em cor e detalhes

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(bom)