23 de agosto de 2015

Por que engordamos - e o que fazer para evitar


Autor:
Gary Taubes
Género:
Saúde
Idioma: Português
Páginas: 288
Editora:
L&PM (Brasil)

Ano:
2014

ISBN:
978-852-5431493
Tradução: Janaína Marcoantonio
Título original: Why we get fat - and what to do about it
 
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Com tanta informação sobre alimentação todos os dias (via Facebook, nos jornais, nas revistas, em conversas com colegas e amigos), decidi ler algo mais aprofundado sobre nutrição, de preferência um livro para o consumidor comum, porque os estudos científicos não são fáceis de assimilar para uma leiga.

Quando chegou a altura de o escolher, foi incrível ver a quantidade disponível, as várias ideologias e a diversidade de autores, de celebridades a profissionais de saúde (cardiologistas, endocrinologistas, médicos de família), passando por preparadores físicos e bloggers.

Por que engordamos - e o que fazer para evitar é um best-seller que se destacou dos outros, não só porque reconheci o nome do autor de dois documentários que já vi sobre alimentação mas também porque tinha excelentes críticas. Na realidade, os argumentos de Taubes têm tantos apoiantes como opositores, mas o seu sucesso deve-se: 1) à citação de inúmeros estudos e testemunhos especializados (de cientistas e médicos) a que o autor recorre para fundamentar as suas conclusões e desmontar alguns dos maiores mitos sobre nutrição e emagrecimento; e 2) ao uso de uma linguagem simples e corrente e de exemplos concretos.
 
Não engordamos porque comemos demais. Comemos demais porque engordamos.
 
Taubes pega nos paradigmas tradicionais e deita-os por terra, um a um, recorrendo a estudos e índices científicos, às leis da termodinâmica e à lógica. A dieta e as mudanças defendidas (consumo elevado de proteína e gordura animal, eliminação de alimentos processados, açúcares e farináceos) não são novidade e têm muitos aderentes faz muitos anos, mas o livro tem o condão de nos fazer pensar e questionar, seja qual for a nossa orientação alimentar (vegan, crudívoro, carnívoro, etc.).

O autor organiza o livro de forma clara, mas Por que engordamos - e o que fazer para evitar é repetitivo; as ideias-chave são repetidas e fundamentadas através de diferentes argumentos e exemplos capítulo após capítulo. Este é o ponto menos positivo.

Apesar da capa sensacionalista, é um bom livro, com um encadeamento claro de ideias. Uma leitura interessante sobre um tema que está sempre na ordem do dia.

Gary Taubes nasceu em Nova Iorque, em 1956, e é colaborador da revista Science. Estudou Física Aplicada em Harvard, Engenharia Aeroespacial em Stanford e é jornalista pela Universidade de Columbia. Recebeu três vezes o prémio Science in Society Journalism Award da National Association of Science Writers, sendo o único jornalista a obter tal reconhecimento.

 

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(bom)

1 de agosto de 2015

Quando éramos mentirosos


Autor:
E. Lockhart
Género:
Romance
Idioma: Português

Páginas: 312
Editora:
Asa

Ano:
2014

ISBN:
978-989-23273656
Tradução: Elsa Vieira
Título original: We were liars
 
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Éramos mentirosos é uma história contada na primeira pessoa por Cadence Sinclair Eastman, a herdeira da família Sinclair, que nos brinda com o relato de uma adolescência financeiramente desafogada e povoada de sonhos e primeiras experiências, saboreada ao máximo nas longas férias de Verão com primos e amigos, na ilha privada da família.

Bem vindo à bela família Sinclair.
Ninguém é criminoso.
Ninguém é viciado em nada.
Ninguém é um fracasso
.
 

Cadence faz parte dos Mentirosos, juntamente com os primos Johnny e Mirren e um amigo, Gat. Com idades semelhantes, são inseparáveis nas férias de Verão, que passam na ilha todos os anos. Cúmplices, partilham os testemunhos e palpitações típicos da idade, gozando os privilégios que a riqueza familiar concede.

No Verão 17 (em que Cadence tem 17 anos), e após alguns anos do divórcio dos pais e muitas discussões familiares, com a morte da avó pelo meio, a jovem sente-se confusa e debilitada, e aproveita o regresso à ilha para se reencontrar, tentando lembrar-se do que terá acontecido para ficar assim, quando o seu pensamento era claro e a sua memória confiável, antes dos anti-depressivos e outros inibidores. O clima familiar não ajuda, com a mãe de Cadence e as duas tias a discutirem constantemente sobre dinheiro e a partilha do património da mãe (a avó de Cadence), espevitadas pelo patriarca.

O livro não é previsível mas percebi a reviravolta antes de chegar a metade da história. E isto apenas porque o que me fez lê-lo (os alertas na capa para "mentir" sobre o desfecho do livro, que me aguçou a curiosidade) me pôs a conjecturar sobre o que seria o mistério e lá cheguei à conclusão que só poderia ser um par de coisas... e era uma delas, efectivamente.

Éramos mentirosos foi escrito com cuidado (nota-se), tem passagens bonitas, poéticas até, e há credibilidade, ainda que estereotipada, na descrição de uma aristocracia decadente. Porém, é claramente dirigido a um público juvenil e esqueci-me disso. Talvez há uma década, tivesse apreciado mais a história, mas como já não é assim, fiquei-me pelo satisfeita e doei o livro à biblioteca municipal, para que alguém possa desfrutar mais da sua leitura. 

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(mediano/razoável)