Tendo já visto o nome do autor referido em várias publicações, finalmente decidi dar-me a oportunidade de o ler.
Comecei por esta novela com pouco mais de cem páginas. Apesar de breve, não é uma leitura leve. Conta a história de Maria, mãe de Jesus, reflectindo sobre os acontecimentos que culminaram na cruxificação do filho.
Maria nunca chama Jesus pelo nome, referindo-se sempre a ele como «o meu filho» ou «aquele a quem se referem», e tem uma clara antipatia pelos seguidores daquele, que classifica como delinquentes. Ela própria, olhando para trás, não reconhece no filho a doce criança de tenra idade que se tornou no adulto de voz penetrante que incita à revolta. O seu tom é amargurado e algo recriminatório, o que resulta numa narração amarga, pouco humana, que achei desajustada da personagem, ou melhor, da imagem piedosa que tenho da personagem.
O livro tem passagens muito boas, ricas em lirismo e peso emocional, mas são poucas, breves e excepcionais no tom global da narrativa.
Esta não é uma leitura memorável nem chego a perceber a nomeação para o Booker - fosse este livro sobre uma mãe que não a mãe de Jesus, teria tido tanta visibilidade e atraído tantas críticas favoráveis? Acho que não.
Como o meu conhecimento da Bíblia (o livro mais vendido e lido no mundo) é limitado, creio que houve várias referências que me passaram ao lado. Mas tenho de admitir que esperava uma execução melhor de uma ideia que me pareceu boa.
Apesar disso, tenho curiosidade em ler outro título do autor.
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(mediano/razoável)