Género: Romance
Idioma: Português
Páginas: 216
Editora: Alfaguara
Ano: 2017
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Canção doce (Chanson douce no original) foi um dos bestsellers europeus de 2016, valendo à autora franco-marroquina Leila Slimani o prestigiado Prix Goncourt.
O livro abre com o homicídio das duas crianças pela ama. O livro aprofunda então as histórias de Paul e Myriam, um casal de classe média-alta, e de Louise, que vive nos subúrbios da capital em escassez económica, e as suas interacções e dinâmicas. Com o assassinato das crianças como ponto de partida, o leitor é rapidamente envolvido na história e navega pelas nuances sociais e culturais retratadas, tentando perceber e prever as acções da homicida.
Slimani condensa em pouco mais de 200 páginas diversas questões, das quais se destacam as expectativas ligadas à maternidade, a pobreza (envergonhada) e as relações de poder e dependência. O resultado é um romance envolvente e dinâmico, com algumas falhas.
Não apreciei inteiramente a forma como a autora abordou as possíveis abordagens que terão levado ao crime: a narrativa torna claro que Louise é uma pessoa reprimida e com problemas psicológicos, incapaz de uma ligação emocional saudável; o enfoque na sua pobreza não foi bem explicada ao ponto de ser um motivo válido (e aqui surgiram algumas questões pertinentes relativamente à falta de meios económicos). Creio que faltou um desenvolvimento de algumas situações para ter uma história mais coerente e forte.
Leila Slimani ter-se-á inspirado num caso ocorrido em 2012 em Nova Iorque e nas entrevistas que ela mesma fez quando procurava uma ama para os filhos, fascinada pelas relações que se estabelecem entre a família e a ama.
O romance foi adaptado ao cinema em 2019, valendo duas nomeações à actriz principal pelo papel de Louise.
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(bom)