quinta-feira, janeiro 07, 2021

Rising sun


Autor: Michael Crichton
Género: Thriller
, Policial
Idioma: Inglês
Páginas: 416
Editora: Ballantine Books (ebook)
Ano: 1992 (ed. original)

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Anos 90. A empresa japonesa Nakamoto decide inaugurar a sua sede norte-americana em Los Angeles com uma festa de arromba. Várias personalidades VIP estão convidadas, entre celebridades do showbiz e políticos. Os jornalistas estão a postos.

Mas algo vem ensombrar a grande noite: uma jovem mulher é morta, o corpo sem vida deixado numa sala rodeada de câmaras de vigilância.

Como os japoneses insistem em conduzir o seu próprio inquérito, os conflitos com os detectives chamados ao local não tardam em surgir. É então chamada uma dupla de detectives para mediar a situação: um oficial de ligação de assuntos estrangeiros, o Tenente Smith, e um especialista da cultura japonesa, já reformado, o Capitão Connor. A ideia é investigar com rigor mas sem hostilizar os investidores nipónicos, uma vez que as relações entre os dois países são delicadas.
 
O livro de Crichton, publicado no início dos anos 90, explora a tecnologia de manipulação de imagens, que dava os primeiros passos no que agora qualquer smartphone pode manipular recorrendo a filtros e programas de tratamento de imagem facilmente disponíveis para download. Na altura, essa tecnologia começava a ser desenvolvida no Japão e serve como ponto vital na trama. Uma premissa sumarenta para a altura mas algo ultrapassada nos dias de hoje.

Pelo meio, as personagens tecem várias considerações e comentários sobre a cultura japonesa e o seu modelo empresarial, que valeram ao autor, Michael Crichton, várias críticas e acusação de racismo na altura. A ideia de que o Japão estaria a "comprar" os Estados Unidos não foi profética. Crichton sempre defendeu que a sua crítica era dirigida às forças económicas do seu próprio país, mas as críticas não cessaram, o que talvez explique as várias alterações feitas à história aquando da adaptação do livro ao cinema. Com o falecido Sean Connery e Wesley Snipes como protagonistas, o filme, bastante mais fraco do que o livro, foi um sucesso de bilheteira.

Gosto muito dos livros de Crichton. Rising Sun seguiu-se ao excelente Jurassic Park, e ficou aquém, mas é um bom livro, com uma ideia-base original e bem pensada. Não creio que seja racista mas compreendo que é fácil de ser interpretado como tal. Algumas noções não foram novidade para mim pois já tinha lido o excelente Temor e Tremor há uns anos - o livro narra a experiência de trabalho de uma jovem ocidental numa empresa japonesa.

É um policial que funciona bastante bem, assente numa tensão constante entre os vários participantes, principais e secundários, contrapondo as diferentes posturas do ocidente e do oriente. Tem algumas ideias pouco exploradas nos livros (a asfixia erótica, a marginalização de pessoas deficientes no Japão, o modelo empresarial nipónico), o que só por si enriquece a história. 

Algo datado mas uma boa leitura.

****
(bom)

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