Elif
Shafak é uma escritora e académica, nascida em Estrasburgo (a minha
cidade actual). Foi-me recomendada com entusiasmo.
A
autora turco-britânica conta já com 19 livros publicados, entre os
quais 12 romances, vários deles vencedores de prémios literários;
a sua obra, traduzida em mais de 50 línguas, fala sobretudo de
mulheres, minorias e imigrantes.
Doutorada
em Ciência Política e em Humanidades, Shafak deu aulas em várias
universidades na Turquia, nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Três
Filhas de Eva, romance cuja acção alterna entre a Istambul do
presente, a dos anos 80 e a Oxford dos anos 2000, centra-se em Peri,
uma mulher turca abastada.
O
ponto de partida é um jantar na capital turca que reúne gente
influente, e onde Peri, uma das convidadas, no seguimento de um
percalço que aconteceu a caminho do evento, começa a recordar os
seus tempos na universidade de Oxford e as amizades que mantinha à
altura.
O
tempo avança e recua entre os anos 80 (infância de Peri), os da
primeira década do novo milénio (quando era estudante em
Inglaterra), e o tempo presente da narrativa (durante o jantar).
Lemos
sobre o passado de Peri, que nasceu e foi criada na Turquia
juntamente com dois irmãos. Os pais eram muito diferentes entre si:
o pai tinha ideias seculares e a mãe era profundamente devota ao
Islão. Desde pequena que Peri expressa confusão sobre o divino, e
na sua passagem por Oxford, decide aprender mais sobre fé – decide
frequentar um curso subversivo sobre Deus, leccionado pelo
carismático Professor Azur.
Em
Oxford, Peri torna-se próxima de duas outras jovens, com quem chega
a partilhar casa: Shirin é iraniana, adopta uma estilo de vida
ocidental e não tem qualquer interesse em questões religiosas; já
Mona é uma muçulmana praticante, que usa o hijab (véu islâmico) e
que defende os valores da sua crença.
Há
um acontecimento na sua passagem por Oxford que vai mudar a vida de
todas elas, mas principalmente de Peri, e que vai condicionar as
suas escolhas.
O
livro é sólido, mas não gostei por aí além.
As
motivações de Peri não são claras, há um período de cerca de 15 anos no
romance que não é coberto (a saída de Oxford, o casamento, a
relação entre Peri e os filhos) e há várias questões que
permanecem sem resposta. As outras duas filhas de Eva do título,
Shirin e Mona, aparecem pouco e não são muito desenvolvidas, o que
é pena, pois gostaria de ter lido mais sobre elas.
Comprei
outros livros de Elif Shafak juntamente com este e vou lê-los, mas Três
Filhas de Eva, apesar de bom (e bem escrito), ficou aquém das minhas
expectativas.