24 de outubro de 2023

These savage shores

    

Autores: Ram V, Sumit Kumar
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 176
Editora: Vault Comics
Ano: 2019

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1766. Dois séculos após o primeiro navio europeu ter navegado para a Costa do Malabar e ter chegado a Calicut, a Companhia das Índias Orientais procura garantir o seu futuro ao longo da lucrativa Rota da Seda.

Um mal antigo segue a bordo de um dos navios da Companhia, em busca de um lar no novo mundo, apenas para descobrir que aquele é vetusto, com demónios poderosos e lendas muito antigas.

É nestas costas selvagens que se vai travar um combate implacável entre poderes negros com séculos de idade.


Fonte: imagem do livro

Cedo percebemos como os interesses colonizadores da Companhia das Índias Orientais justificaram atrocidades em nome da Coroa Inglesa em novos territórios longe de terra europeias.

These savage shores mistura colonialismo, vampirismo e lendas hindus. A história é muito boa, com uma mistura rica de seres sobrenaturais, maquinações políticas, amor e amizade. Há um embate cultural e mitológico entre criaturas das culturas ocidental e oriental, num confronto selvagem entre seres imortais e mortais.

Esta edição de capa dura reúne os cinco volumes originais e é uma obra de arte em cor e detalhes

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(bom)

13 de outubro de 2023

Três Filhas de Eva

 

Autor: Elif Shafak
Género: Romance

Idioma: Português

Páginas: 424

Editora: Quetzal Editores

Ano: 2018
Título original:
Three daughters of Eve

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Elif Shafak é uma escritora e académica, nascida em Estrasburgo (a minha cidade actual). Foi-me recomendada com entusiasmo.

A autora turco-britânica conta já com 19 livros publicados, entre os quais 12 romances, vários deles vencedores de prémios literários; a sua obra, traduzida em mais de 50 línguas, fala sobretudo de mulheres, minorias e imigrantes.

Doutorada em Ciência Política e em Humanidades, Shafak deu aulas em várias universidades na Turquia, nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Três Filhas de Eva, romance cuja acção alterna entre a Istambul do presente, a dos anos 80 e a Oxford dos anos 2000, centra-se em Peri, uma mulher turca abastada.

O ponto de partida é um jantar na capital turca que reúne gente influente, e onde Peri, uma das convidadas, no seguimento de um percalço que aconteceu a caminho do evento, começa a recordar os seus tempos na universidade de Oxford e as amizades que mantinha à altura.

O tempo avança e recua entre os anos 80 (infância de Peri), os da primeira década do novo milénio (quando era estudante em Inglaterra), e o tempo presente da narrativa (durante o jantar).

Lemos sobre o passado de Peri, que nasceu e foi criada na Turquia juntamente com dois irmãos. Os pais eram muito diferentes entre si: o pai tinha ideias seculares e a mãe era profundamente devota ao Islão. Desde pequena que Peri expressa confusão sobre o divino, e na sua passagem por Oxford, decide aprender mais sobre fé – decide frequentar um curso subversivo sobre Deus, leccionado pelo carismático Professor Azur.

Em Oxford, Peri torna-se próxima de duas outras jovens, com quem chega a partilhar casa: Shirin é iraniana, adopta uma estilo de vida ocidental e não tem qualquer interesse em questões religiosas; já Mona é uma muçulmana praticante, que usa o hijab (véu islâmico) e que defende os valores da sua crença.

Há um acontecimento na sua passagem por Oxford que vai mudar a vida de todas elas, mas principalmente de Peri, e que vai condicionar as suas escolhas.

O livro é sólido, mas não gostei por aí além.

As motivações de Peri não são claras, há um período de cerca de 15 anos no romance que não é coberto (a saída de Oxford, o casamento, a relação entre Peri e os filhos) e há várias questões que permanecem sem resposta. As outras duas filhas de Eva do título, Shirin e Mona, aparecem pouco e não são muito desenvolvidas, o que é pena, pois gostaria de ter lido mais sobre elas.

Comprei outros livros de Elif Shafak juntamente com este e vou lê-los, mas Três Filhas de Eva, apesar de bom (e bem escrito), ficou aquém das minhas expectativas.

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(bom)

4 de outubro de 2023

Os livros que devoraram o meu pai

 

Autor: Afonso Cruz
Género: Literatura Juvenil

Idioma: Português

Páginas: 128

Editora: Editorial Caminho

Ano: 2010

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Afonso Cruz é escritor, ilustrador, cineasta e músico. Nascido em 1971 na Figueira da Foz, estudou Belas-Artes e começou a sua carreira de escritor aos 36 anos.

Os seus livros estão publicados em vários países, tendo recebido vários prémios e distinções.

Os livros que devoraram o meu pai fala de Vivaldo Bonfim, um funcionário público que adorava livros e os levava para todo o lado. Um dia, perdido numa história, desapareceu sem deixar rasto.

Anos mais tarde, Elias Bonfim, o filho de Vivaldo, ao completar 12 anos, descobre pela avó que o pai não foi vítima de enfarte (como sempre lhe contaram), mas que entrou num livro e não mais voltou.

A avó dá-lhe então a chave do sótão onde estão todos os livros de Vivaldo, e Elias inicia a exploração de um mundo literário encantado, cruzando-se com personagens de clássicos como Crime e Castigo, Fahrenheit 451 e O estranho caso do Dr Jekyll e do Sr Hyde.

Os livros que devoraram o meu pai é uma leitura deliciosa para pequenos e graúdos, sobre o amor aos livros e à leitura, o primeiro amor, a amizade, a mentira e a traição. A linguagem é simples, e há muita riqueza nas reflexões nos diálogos e nas metáforas que povoam as mais de cento e vinte páginas.

Uma leitura a degustar num qualquer sofá às riscas, num par de horas prazerosas.

O livro ganhou o PrémioLiterário Maria Rosa Colaço 2009.

 

«Porque nós somos feitos de histórias, não de a-dê-énes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e cérebros. É de histórias.»

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(muito bom)