22 de fevereiro de 2013

Um pai de filme



Autor:
Antonio Skármeta
Género:
Romance
Idioma: Português
Editora: Teorema
Páginas: 86
ISBN:  978-9-7269-5928-1
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Antonio Skármeta é o autor do livro que originou o filme O Carteiro de Pablo Neruda. Este é o primeiro livro que leio dele.

Um pai de filme não é um romance, assemelha-se mais a um conto (apenas 86 páginas). A acção divide-se entre Contulmo e Angol, pequenas localidades no sul chileno.

É em Contulmo que vive o professor Jacques com a mãe. A vida de ambos é passiva e está amargamente marcada pela ausência do pai de Jacques, que decidiu partir no dia em que o filho retornou da universidade. A mãe, deprimida desde que o marido abalou, não sonha com nada, trabalha incansavelmente como lavadeira e cuida do filho com canja e afagos.

Jacques é jovem, adora ler e sonha com o amor e com o sexo. Tem no padeiro da aldeia o seu único confidente e amigo. Como muitos homens de Contulmo, ambos planeiam e anseiam pela ida a Angol, onde à distância de uma viagem de comboio, ficam o cinema e o bordel, prazeres raros e dispendiosos.

«
Teresa tem 17 anos e Elena 19. Eu, vinte e um. Aqui somos todos muito decentes. (...) Mas, de cada vez que vão a Santiago, compram vestidos com decotes profundos e jeans que a elas lhes comprimem as ancas e a mim o ar.
»

O livro tem frases muito lúcidas e uma linha de pensamento fácil de acompanhar. Pelos cinco sentidos de Jacques, seguimos a descoberta do amor e do sexo, mas também a angústia existencial de um jovem que não compreende porque foi abandonado.

Um pai de filme está dividido em 25 curtos capítulos, de uma discreta ternura e beleza poética, onde se fala de afectos, do amor, da inocência e do peso da responsabilidade.
 
É tão bom quanto é breve.


avaliação: **** (bom)

5 de fevereiro de 2013

Jaws / Tubarão




Autor: Peter Benchley
Género:
Thriller
Idioma: Inglês
Editora: Random House
Páginas: 288
ISBN:  978-0-449-21963-8
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Jaws / Tubarão marcou a minha infância, quando deitei mãos a uma cópia VHS esquecida num armário lá de casa. Na altura, os filmes de terror já me fascinavam e davam um nervoso miudinho, se bem que os via entrecortados (tapava os olhos em muitas cenas), mas o filme de Spielberg vi-o todo, em êxtase. Claro está que os mergulhos na praia e corridas com colchões no verão desse ano ressentiram-se; imaginava o bicho com aquela boca toda a vir ao de cima em todo o lado, mesmo que estivesse numa barragem.

Anos mais tarde, já adulta, e depois de ter revisto o filme várias vezes, reconheci outroa aspectos interessantes na história de
Jaws / Tubarão além da besta em si, como as dinâmicas políticas e sociais de Amity e a figura de Quint, e decidi ler o livro. Na altura, meti os garfos numa edição do Círculo de Leitores e não fiquei impressionada, ao que a tradução não ajudou, sei-o hoje. Recentemente, vi o livro em inglês para Kindle a menos de 6 euros, e não hesitei.

Amity é uma localidade pacata, famosa pelas suas praias, que vê a sua população triplicar assim que chega o tempo quente. Porém, uns dias antes da enchente humana, ocorre a morte brutal de uma jovem, cujas partes mastigadas que dão à costa indicam um tubarão branco enorme, um culpado improvável em águas tão quentes e pouco profundas. O chefe de polícia de Amity, Brody, cede à pressão do presidente da câmara e restantes membros da assembleia municipal e decide manter a divulgação do acontecimento o mais discreta possível, esperançado que seja um caso isolado e que o "peixe" (termo usado na grande maioria das páginas) vá dar à barbatana para outro lado. Quando isso não acontece, temos a fórmula para o pânico colectivo, que vai afectar todos em Amity, seja em terra ou no mar.


Há várias diferenças na acção do livro, nomeadamente a nível de personagens. Porém, o livro de Peter Benchley consegue deixar-nos nervosos, tal como o filme, embora se foque em aspectos diferentes, com o autor a privilegiar as relações humanas e jogos de poder municipais enquanto que o realizador se focou na vertente catástrofe e na caçada ao tubarão. No filme adoramos o pescador Quint, no livro desprezamo-lo. Pessoalmente, prefiro o Quint do filme mas gosto do sal que Benchley dá aos Brody no livro.

Sou fã do livro e do filme, embora o filme seja mais empolgante, obviamente. Recomendo uma dose de cada, de preferência antes da época balnear.


avaliação: **** (bom)