24 de outubro de 2021

The X-Files: cold cases


Autores: Joe Harris, Chris Carter
Género: Ficção Científica

Idioma: Inglês

Duração: 4h e 4m

Editora: Audible Originals

Ano: 2017
 

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Os X-Files, Ficheiros Secretos em Portugal, foi um dos fenómenos televisivos dos anos 90.
 
Exibida em mais de 30 países, a série ganhou vários Emmy e gerou dois filmes. Lançou para o estrelato os protagonistas: David Duchovny como Fox Mulder, e Gillian Anderson como Dana Scully, a dupla de agentes do FBI que investigavam casos com contornos paranormais. Ele era o crente de serviço e ela a céptica para a qual tudo tinha uma explicação científica.
 
Eu via a série todas as semanas e comentava os episódios com um grupo de amigos - éramos todos fãs devotos. Ao início, os meus episódios favoritos eram aqueles que envolviam ocultismo e eventos sobrenaturais e menos aqueles à volta da temática extra-terrestre e teorias da conspiração, mas estes últimos foram ganhando contornos cada vez mais elaborados e acabaram por ser o tema mais forte da série.
 
A máxima/slogan da série era: "The truth is out there", e Mulder e Scully viajavam por toda a América para tentar solucionar casos, muitos deles no arquivo, ainda por resolver.    

Em X-Files: cold cases, a dupla de agentes está de volta. A história é inspirada nas novelas gráficas de Joe Harris (que não li) e dirigida pelo criador da série original, Chris Carter.

Há cinco episódios, alguns com a duração inferior a meia hora, e o maior com quase hora e meia. As interpretações estão boas, mas a história é fraquita. Uma duração maior teria ajudado a desenvolver a trama, mas como ficou (aguado), soube a pouco. 

X-Files: cold cases ficou aquém das minhas expectativas, mas não conseguiria passar ao lado deste título, apesar de preferir retomar a franquia neste formato ou em livro. De lado, ficou a ideia de rever a série. Há uns anos, fi-lo e desisti rapidamente; Ficheiros Secretos, sem surpresa, não envelheceu bem em termos de efeitos especiais e argumento - prefiro recordar a série sob a aura de encantamento adolescente.

O elenco deste audiolivro inclui David Duchovny, Gillian Anderson, Mitch Pileggi, Willliam B. Davis, Tom Braidwood, Dean Haglund e Bruce Harwood.

Creio que os fãs da série irão sempre ler/ver/ouvir o que for lançado relacionado com os X-Files; não é mesmo que dizer que tudo o que for lançado vai ser visto com lentes cor-de-rosa saudosistas. Infelizmente, X-Files: cold cases revelou-se decepcionante.

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(fraco)

16 de outubro de 2021

Come prima

 

Autor: Alfred
Género: Banda desenhada
Idioma: Inglês
Páginas: 224
Editora: Delcourt (Kindle)
 Ano: 2013

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Anos 60. Dois irmãos, Fabio e Giovanni, metem-se num Fiat 500 e com uma urna no banco traseiro, viajam de França para Itália.

O ambiente é pesado, depois de décadas sem se verem - são muitas as feridas por cicatrizar. É ao longo da viagem pelo interior francês em direcção à fronteira italiana, e à terra onde nasceram, que vamos descobrir o passado, e a razão que os levou a afastarem-se.

Fonte: Google Search Engine

Come prima, que significa "como dantes", é uma história de retorno às raízes, cheia de memórias e confrontação consigo mesmo. Há catarse nas cenas dramático-cómicas, que evitam sempre o sentimentalismo e o cliché.
 
Fonte: Google Search Engine
 
O uso de cores é excelente, num forte contraste de quente e frio, acompanhando a variação e intensidade das emoções dos protagonistas.
 
Durante a road trip, as várias personagens com quem se cruzam põem também a descoberto as personalidades dos dois irmãos, e a sua constante dificuldade em comunicarem. Come prima é uma história simples muito bem contada. Os desenhos são muito bonitos e convidam ao zoom (possível no formato electrónico) para atentar nos pormenores.

Fonte: Google Search Engine
 
O título ganhou o prémio de melhor livro no Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême - o maior da Europa -, em 2014, aquando da sua publicação.
 
À data, na nossa língua, está apenas publicado no Brasil.

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(muito bom)

10 de outubro de 2021

Rage

 

Autor: Stephen King (Richard Bachman)
Género: Thriller

Idioma: Inglês

Páginas: 156

Editora: Signet
(e-book)
Ano: 1977

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No início da carreira de Stephen King, nos anos 70, as editoras não queriam saturar o mercado, limitando os autores à publicação de um livro por ano.
 
Terá assim nascido a ideia de utilizar um pseudónimo para escoar os títulos do prolífico escritor; Rage foi o primeiro livro a ser publicado com o nome de Richard Bachman, em 1977.
 
A história é sobre Charlie Decker, de 15 anos. Um dia, Charlie decide levar uma arma para a escola e manter a sua turma refém por umas horas. Há disparos, mortes e muita tensão. Há revelações e muito diálogo entre o atirador e os alunos, numa troca que alterna entre o cómico e o trágico.
 
Este livro terá sido escrito quando Stephen King estava a acabar o liceu. É um exercício interessante o de tentar encontrar paralelos com a vida do escritor, como o ódio pela figura parental e as angústias adolescentes. Um dos livros favoritos de S. King é O deus das moscas, e também podemos ver alguns temas deste presentes em Rage, na descida ao caos e aos instintos mais básicos.
  
King escreveu aqui sobre a doença mental nos jovens e a violência nas escolas com armas de fogos vários anos antes desses episódios encherem jornais e noticiários. Na altura, a história foi vista como rebuscada; nos dias de hoje, é tristemente corrente - o debate da compra e porte de armas de fogo é um dos temas mais divisores da sociedade norte-americana.
 
Nesse seguimento, e depois de Rage ter sido encontrado entre os pertences de vários atiradores envolvidos em massacres escolares, King decidiu retirá-lo de circulação. 
 
É um livro com algumas fragilidades, nomeadamente no desenvolvimento das personagens; é datado na linguagem e no pensamento, mas é relevante e visionário. 
 
Mostra a capacidade de King em prever situações futuras aterradoras e de escrevê-las para o leitor comum de uma forma empática e actual, sem metáforas elevadas. Adivinha-se o potencial, entretanto consolidado num enorme talento, fazendo de Stephen King um dos maiores nomes da ficção mundial e o incontestável "King of Horror"

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(bom)

3 de outubro de 2021

A agência n.º 1 de mulheres detectives

 

Título original: The no. 1 ladies' detective agency
Autor: Alexander McCall Smith

Género: Romance

Idioma: Português

Páginas: 208

Editora: Editorial Presença

Ano: 2004
 

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Criada pelo britânico Alexander McCall Smith, nascido no Zimbabwe, a série A agência n.º 1 de mulheres detectives, aclamado na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, começou com este título no final dos anos 90. À data, são 22 livros no total, o mais recente editado em Setembro de 2021.
 
Após a morte do pai, Precious Ramotswe decide mudar de cidade e abrir uma agência de detectives em Gaborone; para começar, há apenas uma detective - ela própria. 

Sendo a única agência de investigação do país a ter uma mulher, Precious gere-a da forma que lhe parece mais acertada. Com um misto de empatia, humildade e perspicácia - e sempre entre inúmeras chávenas de chá rooibos -, Mma Ramotswe consegue criar um vínculo emocional com os clientes e os casos que investiga
 
A sua filosofia é a de que tem de se conhecer a pessoa para compreender o mistério a resolver, privilegiando a intuição e o bom senso... E agência começa a conquistar o seu  espaço, dando oportunidade a Precious de provar como uma mulher pode ser uma excelente detective, apesar dos homens dominarem a área.

O cenário é no Botswana e somos apresentados à sociedade e cultura de um país raramente retratado em filmes e/ou livros. Neste primeiro livro, percebemos algumas nuances relativamente ao papel da mulher na sociedade, as relações sociais e o modo de vida rural e citadino, mas li que há muito mais que é explorado nos livros seguintes, escritos de uma forma simples e com uma sagacidade imperdível. O elenco de personagens é diverso.
 
Os livros devem ser lidos pela ordem de publicação, para não se perder o fio condutor. Isto porque um novo livro remete para situações e personagens de livros anteriores. 
 
A agência n.º 1 de mulheres detectives consagrou o autor, que já vendeu mais de 40 milhões de cópias escritas na língua inglesa. Ao longo dos anos, foi traduzido em 46 idiomas. A série só teve dois livros editados em Portugal; no Brasil pouco mais. Quem quiser ler esta série, a melhor opção será lê-la no original.
 
Em 2008, a HBO adaptou a série ao pequeno ecrã; o resultado foi uma temporada de sete episódios. A série tem pontuações elevadas e comentários muito positivos, mas não houve uma segunda temporada.
 

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(bom)