27 de outubro de 2013

A herança de Eszter



Autor: Sándor Márai
Género:
Romance
Idioma: Português
Editora: Dom Quixote
ISBN:  978-97-2202999-5
Título original: Eszter Hagyatéka
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Sándor Márai foi um jornalistaescritor húngaro, um dos mais importantes durante o período entre as guerras mundiais. Crítico fervoroso do comunismo, mudou-se para a América em 1968. Escreveu mais de 60 livros, o primeiro aos 24 anos; em Portugal estão publicadas 7 obras suas.

A herança de Eszter conta a história de uma mulher de 40 anos, solteira desde sempre, que leva uma vida modesta e muito pacata. Eszter já amou, um amor mal resolvido que lhe deixou marcas profundas com as quais se conformou. Até ao dia em Lajos anuncia que a vai visitar, 25 anos depois; a preocupação de amigos e familiares é fundada, não só porque Lajos é um sedutor sem escrúpulos mas porque foi aquele que destruiu a família de Eszter e roubou tudo o que possuíam.


«Quando Vilma morreu e se deu a ruptura entre nós, Lajos afastou-se do horizonte familiar. Então, regressei eu aqui, a esta pobre casa e meu último refúgio. Nada me esperava, excepto uma cama e um pão seco. Mas quem chega de uma tormenta é feliz, pois tem um tecto por cima da cabeça.»

A nossa narradora é uma mulher frágil e ingénua, iludível na forma como se relaciona com os outros, e Lajos é um mestre na manipulação alheia, capaz de dizer o que preciso for para sacar mais qualquer coisa a alguém que ainda acredite na bondade do seu carácter.

Assisitir à chegada da Lajos e à forma como lida com os antigos amigos é desconcertante mas Márai fá-lo habilmente e com subtileza. Aliás, todo o livro tem um tom leve mas o texto é forte. Sándor Márai possui uma elegância na escrita de que é um prazer desfrutar mas sentimos a força da sua prosa, o que me fez virar as páginas vorazmente.

«Pode-se deitar fora uma mulher, como uma caixa de fósforos, por paixão, por se ter um carácter assim, por não conseguir ligar-se a uma mulher, (...) mas deitar alguém fora por distracção... isso é mais do que infâmia.»

Com poucos mais de 150 páginas, é um livro breve, que chega ao fim rapidamente, mas isso não lhe tira lirismo. É uma leitura compensadora, de uma poesia subtil e várias frases encantadoras; o final não foi o meu preferido, mas cada escritor sabe das suas personagens and that's that.

Além deste livro, do autor li As velas ardem até ao fim, um livro muito bom, superior a este, que aproveito para recomendar; Sándor Márai é um autor a descobrir e eu vou ler mais dele, isso é certinho. 

avaliação: **** (bom)

21 de outubro de 2013

Lugares Escuros


Autor: Gillian Flynn
Género:
Thriller
Idioma: Português
Editora: Bertrand Editora
ISBN:  978-97-2252716-3
Título original: Dark Places
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Gillian Flynn é um nome a reter. Esta talentosa escritora norte-americana escreveu 3 livros até à data, todos eles êxitos de vendas. Eu li os 3 e gostei de todos, sendo que este Lugares Escuros (o último que li) é absolutamente viciante e impossível de pousar (Em Parte Incerta e Objectos Cortantes também são bons mas este é o melhor).

Vamos, então, ao livro: Libby tinha 7 anos quando a sua família foi assassinada; conseguiu fugir mas ficou marcada para sempre, no corpo e na mente; o seu testemunho foi fundamental para a condenação do irmão, Ben, como o assassino, naquele que ficou conhecido como "Sacrifício a Satanás de Kinnakee".


25 anos volvidos, temos uma Libby que não consegue "funcionar" na nossa sociedade, a (sobre)viver de donativos e fundos de apoio, os quais, apesar de generosos, não são ilimitados. É numa situação de quase penúria que Libby se encontra quando é contactada pelo Kill Club, um grupo de pessoas obcecadas com crimes mediáticos com desfechos polémicos. Os membros do Kill Club estão dispostos a pagar bom dinheiro para que Libby localize e fale com os intervenientes sobrevivos, que podem lançar luz sobre o que se passou, numa tentativa de reconstituir a madrugada fatídica de 2 de Janeiro de 1985 e, quiçá, rectificar o seu testemunho e ajudar à libertação do irmão.

O que começa com uma forma rápida de fazer algum dinheiro para as despesas imediatas torna-se uma viagem alucinante, onde Libby vai descobrir acontecimentos que a sua mente infantil não conseguia compreender e levar à descoberta do que realmente aconteceu na noite em que perdeu a mãe e os irmãos.

Lugares Escuros está extremamente bem escrito, é cativante e adorei as divisões por capítulos e protagonistas, em que os narradores são alguns dos Day: Libby, Ben e Patty. Como thriller, é arrepiante e com reviravoltas impressionantes, como mistério, é surpreendente; a galeria de personagens é soberba. Recomendo.

A editora disponibilizou um excerto para abrir o apetite a quem ainda não leu Lugares Escuros (e não adiará por muito mais tempo, digo eu)

avaliação: ***** (muito bom)

10 de outubro de 2013

Nobel da Literatura 2013: Alice Munro

A escritora canadiana Alice Munro, de 82 anos, é a laureada com o Nobel da Literatura de 2013, tornando-se a 13.ª mulher a ganhar o galardão, sucedendo à alemã Herta Müller (a última mulher distinguida, em 2009) e ao chinês Yo Man (vencedor de 2012).

A Academia de Ciências sueca apelida  a autora de «mestre do conto contemporâneo» e destaca «a fragilidade da condição humana» e «a clareza e o realismo psicológico» presente nas suas obras, acrescentando que a vencedora é vista como o «Tchekhov canadiano».
Fonte: porcupinesquill.ca

Em Portugal, Munro é editada pela Relógio d'Água, estando publicados seis livros, entre os quais Amada Vida, Demasiada Felicidade e O Amor de uma Boa Mulher. Esta é a primeira vez, em 112 anos, que a academia sueca premeia um autor que escreve apenas contos.

A escritora receberá ainda um prémio em dinheiro, no valor de oito milhões de coroas suecas (mais de 900 mil euros), numa cerimónia a realizar a 10 de Dezembro, em Estocolmo.

Saibam mais em SIC Notícias e no Jornal I.

2 de outubro de 2013

O adeus a Tom Clancy aos 66 anos


Tom Clancy morreu, ontem à noite, num hospital em Baltimore, Maryland. O grupo editorial Penguin, que agenciava Clancy, não adiantou a causa da morte.
 
O autor celebrizou-se na escrita de thrillers políticos e de espionagem, que sempre alcançaram grande sucesso.
 
O seu primeiro grande êxito, Caça ao Outubro Vermelho, é de 1984. Depois disso seguiram-se vários outros, como The Sum of all Fears, Red Storm Rising, Patriot Games e Clear and Present Danger, títulos que deram origem a filmes protagonizados por actores cimeiros, como Sean Connery e Harrison Ford.

Fonte: telegraph.co.uk
Tom Clancy admitiu, em entrevista, que o seu sonho era publicar um livro, apenas um, mas bom o suficiente, para que figurasse no catálogo da Biblioteca do Congresso. Foi bem mais além: escreveu mais de vinte livros de ficção, vendeu mais de 50 milhões de cópias e viu a maioria adaptada ao grande ecrã e ao mundo dos videojogos.

A publicação do seu próximo livro, a título póstumo, Command Authority, está prevista para 3 de Dezembro.

Leiam a notícia no DN Artes e no Telegraph.