Autor: Elif Shafak
Género: Romance, Contemporâneo
Idioma: Português
Páginas: 376
Editora: Editorial Presença
Ano: 2022
Título original: The island of missing trees
Tradução: Maria de Fátima Carmo
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Este é o terceiro livro que leio de Elif Shafak, autora turco-britânica, consagrada e multi-premiada, que descobri há cerca de dois anos.
A Ilha das Árvores Desaparecidas conta a história de um amor proibido, que começa no Chipre em 1974. Dois adolescentes encontram-se e apaixonam-se: ele grego e cristão, ela turca e muçulmana.
No seu lugar secreto, cresce uma figueira, testemunha das conversas e dos encontros entre os jovens amantes. Esta árvore é uma das narradoras de vários capítulos do romance.
Outros capítulos passam-se na Londres dos nossos dias. Ada nunca conheceu a ilha do Chipre onde os pais nasceram. Toda a história da família está envolta em segredos e conflitos. A única coisa que a liga à terra dos pais é a figueira centenária que cresce no jardim da sua casa.
A Ilha das Árvores Desaparecidas tinha, na sua sinopse, tudo para resultar numa excelente leitura para mim. E, porém, não foi isso que aconteceu.
A Ilha das Árvores Desaparecidas tinha, na sua sinopse, tudo para resultar numa excelente leitura para mim. E, porém, não foi isso que aconteceu.
Uma das partes mais originais foi a mais decepcionante. Quando a figueira narrava longos parágrafos sobre a natureza... tornou-se aborrecido. As passagens para os capítulos em Londres faziam uma quebra e eram (bastante) menos aliciantes em comparação com os do Chipre.
Gostei bastante de todos os pormenores históricos e de saber mais sobre a ocupação turca do norte da ilha cipriota, que dura desde 1963 até aos dias de hoje (!). Adorei seguir a história de amor principal (há outra, menos desenvolvida, e apaixonante também) impactada pela guerra civil. É evidente o trabalho de pesquisa e atenção ao pormenor por parte da escritora.
A escrita de Elif Shafak é poética e evocativa, com passagens muito belas e metáforas sublimes. O livro tem várias camadas e pormenores mas não conseguiu, infelizmente, manter o mesmo grau de interesse nas diferentes vozes que o compõem.
«De qualquer modo, nunca tinha sido uma grande otimista. Devia estar-me no ADN. Descendia de uma longa linhagem de pessimistas. Por isso fiz o que fazia muitas vezes: comecei a imaginar todos os modos de as coisas poderem correr mal. E se este ano a primavera não chegasse e eu ficasse debaixo de terra... para sempre?»
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(bom)
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