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The Familiars é o romance de estreia da britânica Stacey Halls.
A autora baseou grande parte da história no julgamento das bruxas de Pedle, descrito como o julgamento mais mediático e documentado do século XVII; já Terry Pratchett e Neil Gaiman lhe tinham feito referência em Good Omens.
O ano é 1612, no condado de Lancashire, no noroeste inglês. Seguimos de perto os pensamentos e anseios de Fleetwood Shuttleworth, senhora de Gawthorpe, que aos 17 anos já conta três abortos e se encontra grávida pela quarta vez.
Nada leva a crer que desta vez consiga levar a gravidez a bom termo, mas quando Fleetwood surpreende Alice Gray na floresta que faz parte de Gawthorpe, a jovem afirma ser parteira e poder ajudá-la a levar a gravidez até ao fim. A jovem senhora decide arriscar e entre as duas nasce uma amizade e confiança que são ameaçados quando Alice é acusada com outras onze pessoas de bruxaria. Fleetwood é a única que se preocupa com o destino da jovem e tenta intervir e impedir que acabe no cadafalso... numa região supersticiosa, num clima agressivo para com as mulheres que conhecem as ervas e são curandeiras, onde ser pobre equivale a não ter representação legal nem conhecimento dos seus direitos.
Mesmo no meio de todo o horror que involve a investigação inquinada, as dinâmicas sociais e a imensa pobreza que assola a esmagadora maioria da população, a determinação de Fleetwood em provar a inocência da amiga é um dos pontos altos do livro.
Ao mesmo tempo seguimos a evolução de uma rapariga privilegeada com pouco a acrescentar num mundo masculino e onde se espera submissão para com o marido para uma jovem firme nas suas convicções que aprende a fazer ouvir a sua voz.
A escrita é elegante e a acção é empolgante. A autora leva o seu tempo a envolver-nos na narrativa, o progresso é lento mas eficaz; gostei bastante do desenvolvimento da protagonista, das descrições, do ambiente medieval, e aceitei algumas liberdades para com os costumes e papel femininos na Inglaterra de 1612 - até perdoo o final arrumadinho.
A capa do livro é magnífica e merece ser mencionada.
Um dos melhores livros que li este ano.
*****
(muito bom)
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