Autor: Douglas Murray
Género: Comentário Social
Idioma: Português
Páginas: 288
Editora: Desassossego (ebook)
Ano: 2020
Título original: The madness of crowds:
gender, race and identity
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Com base nas minhas aquisições, o algoritmo da Amazon propôs-me este livro, de cujo autor (um intelectual e comentador político britânico) nunca ouvi falar. Gostei do excerto que li.
Começa com duas citações: uma de G.K. Chesterton e outra de Nicki Minaj (uns versos do seu hit "Anaconda").
O livro debruça-se sobre os temas sociais mais controversos das últimas décadas, dividindo-se em 4 partes temas-base: Gays, Mulheres, Raça, e Transgénero.
O livro debruça-se sobre os temas sociais mais controversos das últimas décadas, dividindo-se em 4 partes temas-base: Gays, Mulheres, Raça, e Transgénero.
Em cada um deles, Murray contrapõe as ideologias dos actores que querem ser aceites, como iguais, pela sociedade, confiando numa evolução natural das coisas e das ideias, com aqueles que querem, pelo activismo mais ou menos extremo e por uma demonstração de um entendimento mais elevado e algo sobranceiro, mudar o que é socialmente aceite.
Os confrontos são inevitáveis, o que é natural, mas há várias situações ligadas ao politicamente correcto que levam a censura e punição (despedimentos, julgamento via social media, perseguição pessoal e destruição de carreiras) e revolucionam as figuras e as ideias tidas como ideais sociais.
O autor do livro é considerado «the wrong sort of gay» por ser neoconservador, o rapper Kanye West vê a sua "blackness" questionada porque apoia Donald Trump, a activista feminista Germaine Greer deixa de ser considerada como tal porque não aceita que um homem transgénero seja considerado uma mulher.
O autor do livro é considerado «the wrong sort of gay» por ser neoconservador, o rapper Kanye West vê a sua "blackness" questionada porque apoia Donald Trump, a activista feminista Germaine Greer deixa de ser considerada como tal porque não aceita que um homem transgénero seja considerado uma mulher.
Murray descontrói várias das bandeiras dos chamados "social justice warriors" (justiceiros sociais), um termo que se tornou pejorativo nas últimas duas décadas, mais preocupados em verem validadas as suas ideas politicamente correctas do que efectivamente lutarem por elas ou aprofundarem a sua «convicção progressista».
O tema do papel das mulheres na sociedade e a sua evolução, e o tema da raça não aportam novidades para quem tenha lido livros ou artigos recentes sobre isso, mas os capítulos sobre a identidade de género vale o preço do livro, levantando questões extremamente pertinentes e distinguindo conceitos (os vários subgrupos, a cirurgia de redesignação sexual, toda uma panóplia de adjectivos a incorporar nos idiomas). O livro está bem pesquisado e os exemplos são múltiplos mas muitas das situações vêm, sem surpesa, dos Estados Unidos.
É um livro controverso mas também corajoso. Os temas prestam-se a isso. A loucura das massas do mundo ocidental manisfestam-se nas redes socais, sendo o twitter o poleiro de eleição, e vários apontamentos de Murray têm tanto de certeiro como de parcial na sua análise do fenómeno. Murray não esconde (nem poderia) o seu alinhamento político, mas não é preciso afinar por esse diapasão para apreciar os vários pontos de vista e reflectir sobre eles.
O tema do papel das mulheres na sociedade e a sua evolução, e o tema da raça não aportam novidades para quem tenha lido livros ou artigos recentes sobre isso, mas os capítulos sobre a identidade de género vale o preço do livro, levantando questões extremamente pertinentes e distinguindo conceitos (os vários subgrupos, a cirurgia de redesignação sexual, toda uma panóplia de adjectivos a incorporar nos idiomas). O livro está bem pesquisado e os exemplos são múltiplos mas muitas das situações vêm, sem surpesa, dos Estados Unidos.
É um livro controverso mas também corajoso. Os temas prestam-se a isso. A loucura das massas do mundo ocidental manisfestam-se nas redes socais, sendo o twitter o poleiro de eleição, e vários apontamentos de Murray têm tanto de certeiro como de parcial na sua análise do fenómeno. Murray não esconde (nem poderia) o seu alinhamento político, mas não é preciso afinar por esse diapasão para apreciar os vários pontos de vista e reflectir sobre eles.
Infelizmente, apesar da racionalidade presente em todo o livro, a loucura das massas certificar-se-à que o caminho será longo na abordagem e discussão dos actuais problemas sociais. Não há nada de racional, de lógico, nas massas. Mas fica registado o esforço de Murray.
Adenda de 25/08/2022: mudei a capa e ficha técnica do livro para a edição portuguesa; li o original em inglês, publicado pela Bloomsbyry Continuum em 2019.
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(muito bom)
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