Autor: André Aciman
Género: Romance
Idioma: Inglês
Páginas: 268
Editora: Farrar, Straus and Giroux (Kindle)
Ano: 2008
---
Mais de dois anos após a saída do filme homónimo, que colocou o romance de Aciman no "mapa", finalmente leio o livro.
A relação de Elio e Oliver nas versões literária e cinematográfica fez correr muita tinta, inspirando inúmeros artigos, posts, opiniões e críticas especializadas. Muito se escreveu e analisou, com mais ou menos paixão, um sinal claro de que os temas abordados pelo autor "mexem" com o público.
A acção passa-se num Verão no norte de Itália, nos anos 80. Elio (o narrador) tem 17 anos, estuda música e é precoce, precocidade essa que se reflecte no seu discurso, no seu humor e nos seus gostos. O comportamento é temperamental, indicativo da sua idade, mas a maior parte do tempo é dedicado à música e à leitura, num qualquer canto sossegado da casa.
A casa de férias da família está sempre cheia de rostos familiares de amigos e vizinhos, mas há uma cara nova todos os Verões: um estudante de doutoramento supervisionado pelo pai de Elio, um homem afável e comunicativo. Nesse ano, o estudante é um americano de 24 anos, Oliver, que se vai tornar a obsessão do narrador.
« Perhaps we were friends first and lovers second. But then perhaps this is what lovers are. »
Pelos olhos e voz de Elio, vamos assistindo ao florescer do romance entre os dois - a atracção velada, os avanços e recuos, os mal-entendidos -, à sua consumação (a primeira vez de Elio) e ao passar veloz dos meses, com o fim do Verão a parecer ditar o fim do romance, uma relação que vai marcar o protagonista para sempre.
« I wanted him dead too, so that if I couldn't stop thinking about him and worrying about when would be the next time I'd see him, at least his death would put an end to it. (...) If I didn't kill him, then I'd cripple him for life, so that he'd be with us in a wheelchair and never go back to the States. If he were in a wheelchair, I would always know where he was, and he'd be easy to find. I would feel superior to him and become his master, now that he was crippled.
Then it hit me that I could have killed myself instead, or hurt myself badly enough and let him know why I'd done it. If I hurt my face, I'd want him to look at me and wonder why, why might anyone do this to himself, until, years and years later--yes, Later!--he'd finally piece the puzzle together and beat his head against the wall. »
Apesar de Elio ser precoce, é muito jovem; os seus desabafos e pensamentos relembram-nos isso. Apesar de ter lido sobre o amor e a exaltação dos sentidos em obras maiores, aquilo que experiencia com Oliver atinge-o com uma intensidade extrema - bem (d)escrita por Aciman, num lirismo cru que resulta bem numas vezes e noutras deixa algo a desejar ao romance e ao bom gosto.
« We had never taken a shower together. We had never even been in the same bathroom together. "Don't flush," I'd said, "I want to look." What I saw brought out strains of compassion, for him, for his body, for his life, which suddenly seemed so frail and vulnerable. (...) "I want you to see mine," I said. He did more. He stepped out [of the shower], kissed me on the mouth, and, pressing and massaging my tummy with the flat of his hand, watched the whole thing happen. »
A parte final do livro é para mim a melhor, passadas mais de 200 páginas de suspiros, hormonas aos saltos e impulsos adolescentes. As palavras do pai de Elio, a conversa que Elio e Oliver têm ao telefone, algumas considerações (mais) lúcidas que vêm com a idade são a melhor parte do livro para mim. Esperava mais - mais profundidade, mais frescura e irreverência nas passagens de Elio - mas não fiquei totalmente desapontada. No fim ficou alguma tristeza pelo jovem com tanto potencial que duas décadas passadas, ainda olha aquele Verão em que perdeu a virgindade com um homem mais velho como o evento mais importante da sua vida.
« Twenty years was yesterday, and yesterday was just earlier this morning, and morning seemed light-years away. »
Gostei de algumas passagens mas o saldo é mediano.
***
(mediano/razoável)
Sem comentários:
Enviar um comentário