Género: Biografia
Idioma: Inglês
Duração: 6h e 53min
Editora: Harper Audio
Ano: 2018
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O nome de Rose McGowan evoca algumas
interpretações do cinema indie, onde se estreou nos anos 90. Com o passar dos
anos, fez a transição para o cinema comercial (Scream de Wes Craven; Planet
Terror de Robert Rodriguez) e para a televisão (Charmed). Depois deixou de
aparecer. Há uns anos, quando se assumiu como uma das vítimas de abuso sexual
de Harvey Weinstein, tornou-se uma das figuras principais do movimento Me Too.
Brave começa pelo início: Rose nasceu em Itália em 1973, no culto “Children
of God”, de onde o pai se escapou com os filhos tinha Rose 10 anos. A relação
com os pais, mesmo fora do culto e já a viver nos EUA, sempre foi turbulenta.
Anos mais tarde e já adulta, diz que caiu vítima de outro culto: o de Hollywood.
Apesar de gostar dos filmes em que
participava, McGowan diz que sempre se sentiu desconfortável com a obsessão por
um corpo e rosto perfeitos e pela constante sexualização da sua imagem. O ponto
de viragem foi no final dos anos 90, quando se terá tornado mais uma vítima de
Harvey Weinstein. Rose teria 23 anos, estava habituada a relações abusivas e a
ver o seu valor ligado ao quão sexy era a sua imagem. Quando alegadamente
contou o que acontecera, o conselho foi que
ficasse calada (a autora critica o enorme grupo de pessoas em Hollywood que
auxiliam os “inúmeros predadores sexuais a ficarem impunes”, a fim colherem benefícios
pessoais do poder e do dinheiro dos agressores); nunca apresentou uma queixa na polícia.
Após este episódio, Rose McGowan decidiu
afastar-se do mundo do cinema e investir na sua vida afectiva - a sua relação com
o músico Marilyn Manson deu que falar. Quando protagonizou um filme com Robert
Rodriguez mantendo uma relação com ele (que era casado), foi a gota d’água: era
definitivamente uma actriz ambiciosa disposta a tudo e uma mulher promíscua. Tinha agora um rótulo e nada do que fizesse iria alterar isso...
Brave é um manifesto sem barreiras. Rose
McGowan assume-se como uma activista destemida e determinada a expôr a verdade
sobre a indústria do entretenimento, e ficar calada e não fazer ondas não é opção. Pelo caminho, desmonta o conceito de fama e lança uma luz fria
sobre a máquina de Hollywood, da qual se recusa
voltar a fazer parte. Urge aos leitores que se recusem a ser manipuladas pelos filmes e sejam corajosas, num apelo à
acção de homens e mulheres para "serem gentis e decentes uns para com os outros".
A autora queixa-se que, durante anos, não foi ouvida, não
sentiu que fosse respeitada ou levada a sério. Algumas mulheres poderão
identificar-se com isto, principalmente quando é descrita a forma como se
espera que uma mulher aja quando confrontada com o mundo real: agradável,
educada, dócil, facilmente manipulada.
Livros como Brave podem iniciar discussões
sobre a necessidade das mulheres denunciarem situações de assédio e violência.
Devem fazê-lo; essas histórias precisam de ser contadas. O facto de algumas
vozes terem criticado a Rose McGowan por ser alegadamente doente mental em nada
diminui a mensagem do livro nesse aspecto - já para não dizer que as pessoas com
problemas mentais também têm voz. A autora admite que foi diagnosticada com transtorno depressivo e que durante anos sofreu de anorexia nervosa.
Brave é um livro que nos deixa desconfortável,
onde questionamos as escolhas da autora que repudia a indústria que lhe deu
fama e sustento durante vários anos e que parece ter quase sempre escolhido
parceiros abusivos. Nisso Rose McGowan está longe de ser uma mentora. O seu estilo é emocional e há muita raiva e linguagem colorida. É um facto e não deve
ser um impedimento para não o ler. Os seus vídeos no YouTube mostram uma mulher zangada, transtornada e muito fragilizada; cada um é livre de interpretar e aceitar o seu discurso abrasivo e linguagem corporal.
Ouvi este audiolivro duas vezes seguidas e o impacto da
mensagem não perdeu impacto aquando da segunda escuta. A importância de muito
do que é dito é tão relevante como isso.
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(muito bom)
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