Idioma: Inglês
Páginas: 117
Editora: Scribner
Ano: 2020
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Há anos que queria ler Don DeLillo, mas ainda não tinha calhado.
Depois de ter lido uma crítica cativante no New York Times sobre o seu mais recente livro, comprei The silence.
A história segue cinco nova-iorquinos que combinam encontrar-se para jantar e ver o maior evento desportivo do ano - a Super Bowl.
Mas um apagão tecnológico repentino vira o mundo de pernas para o ar. Sem electricidade e telecomunicações, a civilização deixa de funcionar, e, com ela, os aviões, os telemóveis, as televisões. A razão nunca é explicada, mas é esta a premissa do livro, que se debruça sobre a solidão e confusão que se seguem ao apocalipse digital.
E é uma boa premissa, mas a execução resulta num livro desordenado. Os diálogos são repetitivos e não parecem relevantes. Há uma desconexão entre as personagens que se transferiu para mim, como leitora. O resultado foi que nunca entrei verdadeiramente na história nem nas considerações feitas pelas personagens que, apáticas, dizem banalidades e, pelo meio, citam Einstein.
Penso ainda que o livro resultaria melhor como uma peça de teatro, tendo em conta a forma como as cenas são apresentadas e a interacção entre as cinco personagens. E, como está, quase que parece o esboço de um livro maior, subdesenvolvido.
The Silence foi lançado umas semanas antes da pandemia covid e Don DeLillo foi elogiado pela sua visão profética. Se juntarmos a isso a presente dependência de milhões de pessoas às redes sociais e ao mundo digital, e a forma como isso afecta a forma como geralmente comunicamos, a clarividência de DeLillo é (ainda) mais louvável.
Infelizmente, isso não torna o livro menos entediante. No final, o apocalipe digital resulta num tédio silencioso para os protagonistas que, sem ecrãs, não sabem comunicar uns com os outros. Uma ideia provocadora, uma execução infeliz.
Não recomendaria este livro a quem, como eu, nunca leu nada de DeLillo. Apesar de haverem uns quantos parágrafos de que gostei, vou ter de ler outro título dele para comprovar porque é um dos autores mais conceituados da literatura moderna.
Em Portugal, este livro foi editado pela Relógio d'Água.
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(mediano/razoável)
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