Autor: José Milhazes
Género: Biografia, Política
Idioma: Português
Páginas: 352
Editora: Oficina do Livro
Ano: 2017
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José Milhazes é jornalista, escritor e tradutor, assim como comentador político.
Natural da Póvoa de Varzim, originário de uma humilde família de pescadores, ruma, em 1977, à União Soviética (o «Paraíso») para se licenciar em História da Rússia e «assistir à construção do comunismo».
«Éramos cerca de 15 bolseiros portugueses que iam estudar para a União Soviética através do PCP, da UEC, da Associação de Amizade Portugal-URSS e da Intersindical.»
Licencia-se em 1983, constitui família (a esposa é estónia) e fica a residir na URSS.
Com o passar dos anos, torna-se correspondente do jornal Público em Moscovo. Em 2002, começa a colaborar com a SIC. Acumula as actividades jornalísticas com a tradução de obras literárias e políticas.
Ao longo das décadas como residente no país, vê a URSS dar lugar à Rússia, assistindo à ascensão, e queda, de vários políticos, assim como ao colapso da "cortina de ferro" e à formação de novos Estados no Leste europeu.
Em 2013 é distinguido com a Ordem do Mérito da República Portuguesa. Regressa a Portugal em 2015.
Em As minhas aventuras no país dos sovietes, tudo isto é contado ao leitor de uma forma mais ou menos cronológica, com vários apontamentos de situações vividas pelo autor: na universidade, no hospital (onde fica internado 9 meses, na altura em que era estudante), em órgãos políticos, na comunidade de estrangeiros onde se insere, no quotidiano. Algumas pessoas são nomeadas, outras não.
O tom é franco e directo, o tom de alguém que viu muita coisa e não tem peias em fazer apreciações pessoais. A meio da narrativa, há a menção a várias anedotas soviéticas que circulavam, o que permite perceber como o povo via a máquina estatal que os (des)governava.
Tive pena que José Milhazes não aprofundasse mais algumas situações, muitas vezes narradas en passant. Estará a reservar a informação para uma biografia mais extensa?
Gostei bastante, As minhas aventuras no país dos sovietes é uma leitura interessante sobre um percurso ainda mais interessante, e as páginas passam a bom ritmo. Conto ler outros livros do autor.
NOTA:
os sovietes eram conselhos políticos formados pelas classes mais populares, que
lutavam pela reforma agrária e direitos trabalhistas – o termo é a tradução
russa para “conselho”, em português.
«Brejnev e Reagan decidem fazer uma corrida. Reagan vence. Os jornais americanos escrevem: “Reagan venceu, Brejnev foi derrotado.” Os jornais soviéticos informam: “Brejnev chegou em segundo lugar e Reagan em penúltimo.” (anedota soviética)»
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(muito bom)
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