Género: Romance
Idioma: Inglês
Páginas: 128
Editora: Penguin (Kindle)
Ano: 1926
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Dream story apareceu no meu radar por causa do filme De olhos bem fechados, o último filme de Stanley Kubrick, que morreu poucos dias após o filme estar pronto, em 1999. Os protagonistas são Nicole Kidman e Tom Cruise, casados na altura.
Kubrick e Frederic Raphael basearam-se neste livro para escrever o guião do filme, depois do primeiro o ter lido e lançado o desafio ao segundo.
Vi o filme primeiro, várias vezes - e gosto bastante -, mas prefiro fazer o contrário para não ser influenciada aquando da leitura.
Ao ler Dream story, no entanto, foi fácil lê-lo sem imaginar os actores e cenários do filme, pois a obra de Schnitzler passa-se na Viena dos anos 20 e a de Kubrick na Nova Iorque dos anos 90; a atmosfera é muito diferente. Porém, também é notória como os argumentistas se inspiraram no livro e seguiram fielmente a narrativa.
A figura central do livro é Fridolin, um médico austríaco casado com Albertine, com quem tem uma filha pequena. Uma noite, Albertine confessa ao marido uma fantasia que teve com um estranho nas suas últimas férias; Fridolin retribui contando que também se sentiu atraído por alguém.
A partir daí, Fridolin vê todas as suas interacções com outras mulheres de uma forma diferente, mais receptivo a insinuações e ao flirt, mais aberto à sua beleza e capacidade de atracção.
Vendo pacientes no hospital e ao domicílio, infiltrando-se numa soirée privada onde todos estão mascarados, o autor coloca o protagonista em múltipas situações onde a tensão psicológica e sexual da vida de casado estão sempre presentes nos monólogos de Fridolin. Há um tom pouco explícito ao longo de toda a história, reforçando o ambiente de sonho e e ambiguidade da acção.
No final, podemos conjecturar que a história talvez não seja o sonho de Fridolin mas de Albertine. Ou ir ainda mais além na especulação. Na época em que foi escrito, com Freud a revolucionar as ideias sobre o sonho, o desejo e a sexualidade, o facto de Dream story não ser linear permite várias interpretações. Kubrick soube jogar com isso na sua adaptação.
Em Portugal, foi publicado pela Relógio d'Água com o título História de um sonho.
Li num artigo que os livros de Arthur Schnitzler estavam na lista negra dos nazis para as famosas queimas de livros, juntamente com os de Freud, Zweig e Remarque, entre outros; tenho curiosidade em ler mais deste autor.
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(bom)
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