quarta-feira, novembro 17, 2021

Unfollow me: essays on complicity


Autor: Jill Louise Busby
Género: Ensaio
Idioma: Inglês
Duração: 4h e 44m
Editora: Audible Studios (Audible)
Ano: 2021

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Jill Busby ganhou notoriedade através da sua persona no Twitter e no Instagram: jillisblack (traduzido como "a Jill é negra"). 
 
O ponto de viragem ter-se-á dado em 2016, quando desabafou no Instagram a sua percepção sobre racismo e «falso liberalismo»; o vídeo tornou-se viral e Jill foi apontada como uma das vozes da moda, uma das influencers a seguir no que se relacionava com racismo e a crítica do politicamente correcto.

Pessoalmente, nunca tinha ouvido falar da autora. Este título foi-me sugerido pelo algoritmo da Amazon aquando da compra de um outro livro; ouvi o extracto e pareceu-me interessante, ainda mais porque é narrado pela própria - um tom cândido e desempoeirado que me cativou.

A cumplicidade do título é, segundo Jill Busby, a forma como, mais ou menos conscientemente, muitos participam na inclusão e na diversidade de quem é diferente (e aqui poderiam ser vários os grupos visados, mas o enfoque é nos afro-americanos) de uma forma esperada, sem desvios nem fazendo ondas, resultando num progresso questionável. E aponta-se a ela mesma como cúmplice desse sistema.

A criação de uma persona online serviu para que a autora pudesse dizer o que pensava sem represálias na sua vida prática, não sendo despedida, por exemplo, por afirmar coisas que seriam menos aceite no sector onde trabalhava, ligada à inclusão e diversidade, numa tentativa de transformar as organizações em locais de multiplicidade e aceitação, e promotoras de igualdade racial. 

É assim que, assumindo-se como uma mulher negra, lésbica e imperfeita, Jill descreve - alternando entre a primeira e a segunda pessoa do singular - episódios mais ou menos felizes (a inesperada ascensão de jillisblack nas redes scoais, ou como, quando já maior de idade, está a viver com os avós, e pede dinheiro à avó para despesas não essenciais, inflancionando o o custo das coisas para ficar com o troco; ou a sua troca de mensagens com um supremacista branco, um "proud boy"), as suas "turras" com o politicamente correcto e o desafio em manter-se fiel às suas ideias ao mesmo tempo que geria o aumento ou o decréscimo de seguidores e como isso influenciava o seu "discurso" online

Há um par de capítulos muito bons, de uma sinceridade e humor desarmantes, e outros desinspirados q.b., uma mistura de ensaio e autobiografia, que vale pelo tom franco da autora/narradora.

****
(bom)

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