quinta-feira, julho 14, 2022

Intimations

 

Autor: Zadie Smith
Género: Ensaio
Idioma: Inglês
Páginas: 111
Editora: Penguin Books (Kindle)
 Ano: 2020

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Li pela primeira vez Zadie Smith, uma das escritoras inglesas mais influentes das últimas décadas, cujo romance de estreia, White teeth / Dentes brancos (2000), publicado aos 25 anos, arrecadou diversos prémios

Desde então, mais livros foram sendo publicados com críticas positivas, mas só recentemente calhou ler algo dela; comecei por um dos mais recentes, editado em 2020.

Intimations, que em Português pode ser traduzido como indícios, pistas ou sugestões, é uma colecção de ensaios que Zadie Smith escreveu durante o confinamento, ou nas palavras da mesma: no período de «global humbling».

Na introdução, Zadie Smith refere que este livro não pretende ser um resumo do que se passou em 2020, ainda mais porque o ano ainda ia a meio quando o acabou de escrever. Tentou, sim, perceber os sentimentos e impressões que sentia perante os acontecimentos mundiais, criando estes apontamentos «small by definition, short by necessity», e tentando ter algum controlo sobre o que sentia («writing is control»).

O livro contém cinco ensaios - Peonies; The American Exception; Something to do; Suffering like Mel Gibson; e Screengrabs (after Berger, before the virus), sendo as páginas finais um conjunto de notas, intitulado Intimations, que não considerei como um ensaio mas como um agradecimento/homenagem.

Zadie Smith começa por escrever sobre Nova Iorque (onde vivia então) antes do confinamento, focando-se num momento passado numa florista, usando a situação como uma metáfora sobre a tensão (futura) entre resistência e submissão. Seguem-se outras considerações sobre vários tópicos: os óbitos ligados ao covid-19, a gestão da crise feita por Trump, a situação profissional dos jovens americanos, a relação entre vizinhos, a noção de tempo e de como o ocupar, a morte de George Floyd e o movimento 'Black lives matter'.

Intimations  é um bom livro, forte na sua universalidade, que contém um par de ensaios tocantes. Sublinhei algumas passagens, sobretudo pela sua lucidez. Gostei da leitura, principalmente da alternância entre uma linguagem terna e ingénua com outra provocadora. Recomendo.

«(...) but «black» immediately carries a heavy load. (...) Nor can it really be taken seriously when it complains of pain, as this particular type of American body is well known to be able to withstand all kinds of improbable discomforts. It lives in cramped spraces and drinks water with lead in it, and gets diabetes as a matter of course, and has all kinds of health issues that seem to be some mysterious part of its culture. It sits in jail cells without windows for years at a time. And even if it did complain - without money, without that well-dressed lawyer running to its aid - what recourse would it have?».

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(bom)