Autor: Stephen King
Género: Terror
Idioma: Inglês
Páginas: 484
Editora: Hodder (ebook)
Ano: 2010 (1.ª edição em 1983)
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Ler os livros de Stephen King na adolescência e na idade adulta é diferente. Neste contexto, pode dizer-se o mesmo de outros autores, de outros géneros literários, do acto de leitura em si.
Mas como fã de livros e filmes de terror, em diferentes visionamentos e releituras, este foi o género cuja maior diferença se faz sentir. Os melhores filmes/livros, com diversas "camadas" e metáforas (Alien; The Thing; Rosemary's baby; O Exorcista; Get Out) são pepitas, enquanto o gratuito de cópias e sucedâneos se desvanece.
Pet Sematary lido aos 12 anos resultou num livro demasiado longo, que se "arrastou" entre as (poucas) cenas de terror. Uma releitura recente promoveu-o no meu top de livros do autor.
A história centra-se na família Creed, que se muda da movimentada Chicago para a pequena cidade de Ludlow, no Maine. Louis Creed é médico e começa a trabalhar no campus universitário; a esposa, Rachel, fica em casa a cuidar das duas crianças e do gato de estimação, numa vibe de "que bem que se está no campo".
Mas este é um livro de um contador de histórias de terror... assim, a casa do casal fica junto a uma estrada onde passam camiões a uma velocidade considerável; e por trás do quintal dos Creed, fica um "samitério de animais", onde as crianças locais sempre enterraram os seus animais de estimação ao longo das décadas.
Depois o vizinho dos Creed, Jud Crandall, segreda a Louis, aqui e ali, entre golos de cerveja, da existência de um antigo cemitério índio escondido no interior da floresta, onde o solo está "contaminado" com a presença de forças malignas. Toda a história vai encaixando naturalmente à medida que animais e humanos vão falecendo.
Naturalmente, Stephen King "joga" com o desconforto e a suspeita de que "o" cenário assustador se vai concretizar. O livro
arrepia mais do que assusta, e é um arrepio contínuo. King faz-nos pensar na morte, na forma como lidamos com a perda e com a nossa própria mortalidade; algo que nos toca diferentemente consoante a idade e circunstâncias. Esses capítulos estão extremamente bem conseguidos e elevam King acima do estereótipo do género (nem sempre bem representado, como é sabido). «Because what you buy, is what you own. And what you own always comes home to you.»
Há momentos de escape, como as várias referências à cultura pop (metáforas, piadas, excertos de músicas dos Ramones, alusões aos zombies de George Romero). O final poderia ter sido menos previsível mas o livro é de '83. Este tornou-se uma das tendências a imitar na altura (e tem-no sido). Tivesse sido lido nessa altura e teria sido inovador mas só o li nos anos 90.
«Sometimes dead is better.»
O
livro resistiu bem à passagem do tempo e atesta o talento de Stephen King - o autor tornou-se multimilionário quando essas mesmas histórias resultaram igualmente bem no pequeno e grande ecrãs.
Pet Sematary foi adaptado ao cinema em 1989 e em 2019, sendo o primeiro mais fiel ao livro (o argumento foi adaptado por King) que o segundo - são ambos filmes bem conseguidos.
*****
(muito bom)
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